A ideia desse blog começou com 0 livro "O Clube do Filme", de David Gilmour, onde um rapaz desinteressado da escola é convidado pelo pai (crítico de cinema) a abandonar os estudos, desde que os dois assistissem juntos a pelo menos três filmes por semana. Minha esposa (na época namorada) Elaynne me presenteou com este livro, e decidimos fazer algo parecido: assistir a um filme por semana em casa.
Fizemos uma lista inicial de 36 filmes, sendo 18 escolhidos por mim e 18 por ela. Sorteamos um filme para assistir e já indicamos qual será o seu substituto na lista. Ou seja, isso não vai acabar nunca. Eu tomei a iniciativa de comentar os dois primeiros filmes que assistimos, daí criamos o hábito de comentar cada filme que assistimos, sendo que os meus filmes são comentados pela Elaynne e os dela, por mim.
Os comentários apresentam muitos spoillers. Por isso, se você gosta de surpresas, não vai gostar de ler nossos comentários. Se pra você tanto faz, ou se já assistiu aos filmes, aposto que vai se interessar em nossos comentários, mesmo que não concorde com todos.
Espero que curtam nosso interesse por cinema. Se gostou do blog, nos ajude a divulgar.

Carlos Henrique

20 junho, 2012

40 dias e 40 noites (Elaynne)


É, acho que dessa vez não vou ter muito o que dizer sobre o filme, mesmo.
Vejamos: um cara que decide passar 40 dias sem contato algum com mulher. Dá pra fazer um filme disso? E não é que deu? E não saiu um filme ruim, não. Até que foi um filme bonzinho. Engraçado, como deve ser. Com piadas diferentes, e também com as velhas piadas de filmes sobre sexo, namoro e juventude. Nada de extraordinário, nada fora do comum deste gênero de filme. É um filme bonzinho, que dá pra divertir, mas que eu não colocaria na minha lista.
Mas teve duas coisas que me chamaram a atenção nesta história. Primeiro é que eu nem imaginava que os quarenta dias eram a quaresma. Um período em que muitos cristãos (especialmente católicos) decidem abrir mão de algo que gostam muito, para relembrar os quarenta dias em que Cristo esteve no deserto, antes de começar sua missão. No caso, Matt decidiu abrir mão da vida que levava depois do fim do seu namoro com Nicole. Uma vida sem regras, onde o principal objetivo era curtir e pegar todas, mas que já estava começando a lhe fazer mal.
Olhando por este lado, no início não foi tão difícil assim para Matt abrir mão do sexo, já que ele estava começando a ficar paranoico. O que, a meu pouco entender, não é o objetivo do sacrifício da quaresma. Neste período, até onde eu saiba, você precisa abrir mão de algo que realmente vá lhe fazer falta, que você sinta ausência mesmo, não só nos últimos dias, mas em todos. Bem, posso estar errado, afinal não sou a melhor pessoa pra falar disso, mas imagino que deva ser assim.
De qualquer forma, eu tenho a minha própria visão de abrir mão das coisas em nome de Cristo, e vai bem mais além do que um período no ano. É mais profundo e mais compromissado, e renovado continuamente, durante os 365 dias do ano. Mas, é um entendimento pessoal, e se eu começasse a falar sobre isso aqui, ia acabar fugindo do tema do filme. Mas eu sempre me lembro do versículo (no livro de Samuel, eu acho), que diz: “Obediência quero, e não sacrifícios”. Tento lembrar dele sempre.
A segunda coisa que me chamou a atenção foi a abordagem dada ao amor de Matt e Érica. Nada de erotismo, de banalização do sentimento. Exatamente pelo voto feito por Matt, ele pode descobrir um outro lado do amor que até então ele não conhecia: o amor verdadeiro, que não depende de nada (principalmente sexo) para existir e para continuar existindo, depende apenas de você mesmo.
No mundo atual, o pensamento dominante entre os homens é que, se você me ama, então vamos fazer sexo. Se você não quiser fazer sexo comigo, é porque não me ama. Com as mulheres é parecido: se você me ama, vamos fazer sexo. Se você não quer fazer sexo comigo, ou não me ama ou é gay. Dá no mesmo. Eu diria que 98% das pessoas pensam assim.
Como se o amor pudesse se resumir a momentos de prazer físico. Nada disso. O amor é muito maior que sexo, o amor é maior que tudo. O amor é um sentimento perfeito, que implica pertencimento e comprometimento, implica em dar o melhor de si, dar a própria essência em favor da pessoa amada. O amor requer ação, porém a maioria das pessoas prefere o amor passivo (ser amado) que o amor ativo (AMAR).
Tudo isso é consequência da banalização não só do amor, mas também do próprio sexo. Sexo é ótimo, faz parte da natureza do ser humano, do nosso desejo. Fomos criados também para fazer sexo. Mas, sem amor, é vazio, oco, irracional. Não é aproveitado da mesma forma. Sexo com amor é perfeito. É como todo mundo deveria experimentar. Foi o que Matt experimentou quando conseguiu, finalmente, ficar com Érica. Após conhecê-la bem, conviver com ela por dias, desenvolver uma amizade bonita, ele sabia que a amava. E quando ficaram juntos, o momento foi muito melhor do que teria sido se eles tivessem feito sexo na primeira vez em que ele foi deixá-la na porta de casa.
Esta abordagem do filme, sim, valeu a pena, por fugir do que se vê normalmente em comédias românticas, que é muito sexo e pouco amor. Em “40 dias e 40 noites”, a gente vê o amor nascer entre duas pessoas, amadurecer, passar por provações e dificuldades e ainda assim se manter. Sem ser preciso o sexo entrar no meio. E depois que os dois entendem a força do amor que sentem, e que este sentimento é maior que qualquer outra coisa que eles possam viver juntos, ficam juntos aproveitando muito melhor aquele momento, tão esperado pelos dois.
Esperar. O mundo não está disposto a esperar nada. Tudo é urgente. Tudo é pra ontem. Nada pode ser pra daqui a pouco, ou para a hora certa. A hora certa é sempre agora. E na verdade, não é bem assim. Quando as coisas acontecem a seu tempo, na hora certa, no momento exato, chegam com um sabor melhor, com uma qualidade melhor. Esperar pelo amor pode até dar trabalho, a pessoa pode até perder as esperanças em determinado momento. Mas vale a pena. Sempre vale a pena. Posso dizer por experiência própria. Tem valido a pena ter esperado por você.




03 junho, 2012

Sweeney Toddy - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Carlos)


Nunca fui muito de assistir musicais, achava que eles seriam meios chatos, porém depois de "O fantasma da ópera", tive que rever meus conceitos e passei a enxergar com outros olhos. Até por isso não foi muito difícil aceitar a ideia de assistir Sweeney Todd , este também não é um musical chato, afinal as canções são bem executadas, não muito longas e bem intercaladas. 
O que me chamou atenção logo de cara foi a fotografia e a direção de arte do filme, até então não sabia que ele tinha ganho o oscar de melhor direção de arte, bem merecido, isso sempre foi uma característica marcante nos filmes de Tim Burton.
Voltando para o filme, para mim seria classificado como um terror. Claro, não é daqueles de dar medo, porém o que o faz semelhante a estes é o exagero de sangue e de mortes, e o que o diferencia da maioria dos filmes de terror é o fato de possuir uma historia e um motivo. Benjamin Barker, que usa o codinome de Sweeney Todd, volta a Londres buscando vingança , afinal o Juiz daquela cidade o tinha prendido e o mandado para outra cidade durante 15 anos só para poder ficar com sua esposa.
Mas ao retornar à cidade, Todd fica sabendo que sua esposa foi humilhada publicamente e ninguém da cidade a ajudou, e para se livrar desse tormento e não ter que ficar com o Juiz ela tomou veneno e o Juiz resolve então criar a sua filha em cativeiro para que futuramente pudesse se casar com ela. Esses são motivos suficientes para buscar essa vingança desesperada. Porém a vingança nos deixa cegos, e foi isso que aconteceu com Todd. O ódio tomou conta de sua vida e passou a ser para ele o único motivo para viver.
Ele ficou tão cego que não conseguia mais enxergar as pessoas como ser humanos, ele via apenas seus defeitos e por causa deles ele passou a ver motivo para matar cada um dos seus clientes e influenciado pela ganancia da Sra. Lovett, que queria ver seu restaurante voltar a ter sucesso, ele constrói um cadeira especial onde ele cortava o pescoço de seus clientes da barbearia e jogava o corpo direto no porão para Sra. Lovett usar sua carnes para fazer tortas.
Por causa dessa busca de vingança, ele foi incapaz de ir lutar pela sua filha que ainda estava sofrendo. Essa tarefa ficou para Anthony Hope, o marinheiro que levou Todd de volta a Inglaterra e acabou se apaixonando pela sua filha. Enquanto Anthony fazia de tudo para resgatar Johanna, Todd só se preocupava em matar mais e não procurou ajuda-lo quando este lhe pediu, e ainda mais no fim, foi capaz de usar sua filha como isca para o juiz Turpin.
Será que a vingança compensa mesmo? Todd ficou tão cego com sua sede de vingança que foi incapaz de ver e reconhecer o olhar de sua esposa, a qual ele afirmava que amava tanto, e dessa forma a sua vontade de se vingar vai ser a principal responsável por não ter sua família de volta e, consequentemente, a sua felicidade. O ódio que sentia foi maior que o amor e ao ver o rosto da mendiga ele só conseguia ver a vontade de matar o Juiz e mesmo depois que conseguiu o que queria ele ainda tomado pelo ódio foi incapaz de reconhecer o olhar doce e desesperado de sua filha e a confundiu com um rapaz a qual só não matou pois ouviu um barulho no porão.
O que podemos ver nesse filme é que toda ação motivada pelo ódio só leva ao sofrimento. Se Todd tivesse feito como Anthony, que agiu todo tempo por amor afim de tirar Johanna daquela tortura, ele provavelmente teria tido um final feliz como deve ter acontecido com Anthony e Johanna.