A ideia desse blog começou com 0 livro "O Clube do Filme", de David Gilmour, onde um rapaz desinteressado da escola é convidado pelo pai (crítico de cinema) a abandonar os estudos, desde que os dois assistissem juntos a pelo menos três filmes por semana. Minha esposa (na época namorada) Elaynne me presenteou com este livro, e decidimos fazer algo parecido: assistir a um filme por semana em casa.
Fizemos uma lista inicial de 36 filmes, sendo 18 escolhidos por mim e 18 por ela. Sorteamos um filme para assistir e já indicamos qual será o seu substituto na lista. Ou seja, isso não vai acabar nunca. Eu tomei a iniciativa de comentar os dois primeiros filmes que assistimos, daí criamos o hábito de comentar cada filme que assistimos, sendo que os meus filmes são comentados pela Elaynne e os dela, por mim.
Os comentários apresentam muitos spoillers. Por isso, se você gosta de surpresas, não vai gostar de ler nossos comentários. Se pra você tanto faz, ou se já assistiu aos filmes, aposto que vai se interessar em nossos comentários, mesmo que não concorde com todos.
Espero que curtam nosso interesse por cinema. Se gostou do blog, nos ajude a divulgar.

Carlos Henrique

16 julho, 2012

Poltergeist (Elaynne)


Uma vez, na sexta série, meus amigos se reuniram para brincar do famoso jogo do copo. Eu não sabia do que se tratava, e perguntei se podia participar. Um deles disse que era melhor eu não “mexer com estas coisas”, que não seria bom pra mim. Depois de um tempo eu entendi o que ele estava querendo dizer.
O desconhecido, o sobrenatural, tudo isso assusta. Mesmo em situações de filmes, a gente se pergunta: e se acontecesse de verdade? Seria como num filme? Teria solução? Ou seria algo que duraria até o fim da vida, eternamente?
Pra quem já assistiu aos filmes da série “Atividade Paranormal”, assistir Poltergeist dá a impressão de que este último é uma imitação dos primeiros, só que com um final “feliz”. Mas não é bem isso, e sim o contrário. Daria pra dizer que “Atividade Paranormal” é uma espécie de Poltergeist com finais sombrios.
Dizendo isso, já fica a dica: quem gostou de Atividade Paranormal vai gostar de Poltergeist. Claro, não dá pra comparar os efeitos atuais com os daquela época. Mas Poltergeist teve seus méritos quando foi filmado, tanto que chegou a ser indicado ao Oscar de efeitos especiais. Aí, quando você descobre que por trás do roteiro e direção do filme está Steven Spielberg, fica explicada a indicação aos prêmios.
É um filme com cenas, de certa forma, angustiantes. Como a cena da árvore tentando pegar o garoto no início, ou as cenas finais, na tentativa de libertar Carol Anne do local onde ela está aprisionada, e ainda a fuga da casa, que se torna ela toda uma “coisa” tentando destruir a família. São cenas que nos deixam apreensivos e ansiosos, esperando que terminem o quanto antes.
Quando os pais dizem aos filhos que não devem ver televisão até tarde, talvez seja por causa deste filme. O interessantes dos filmes deste gênero é que cada um tem uma explicação ou situação diferente que liga os “espíritos” de outro mundo ao nosso. E na maioria deles, estas ligações são coisas aparentemente simples, brincadeiras, nada que alguém repare ou dê a devida atenção. Detalhes.
Mas há quem diga que o diabo está nos detalhes. E uma televisão fora do ar de madrugada é um detalhe destes, que transforma a vida da família Freeling num pesadelo. Nunca duvide do que uma criança diz, por mais absurdo que possa parecer. Crianças sabem de coisas, vêem coisas, escutam coisas, percebem coisas, que nós, adultos, não percebemos. Eu acredito nisso. E os pais de Carol Anne deviam ter acreditado, também.
Há quem diga que o que aconteceu neste filme pode perfeitamente acontecer na vida real. Talvez possa, sei lá. Não duvido de nada. Há muita coisa sem explicação neste mundo, tantos absurdos e mistérios, que prefiro não me aprofundar em determinados assuntos. Se há mesmo a possibilidade de ser atormentado por espíritos de outro mundo, quanto mais longe disso, melhor. Melhor nem falar. Deixa pros filmes nos mostrarem como poderia ser.
O filme tem sequencias, e isso dava pra esperar. Afinal, os espíritos vieram porque o condomínio foi construído sobre um antigo cemitério. E o dono da empresa que construiu o condomínio já estava de olho em outro terreno de cemitérios para fazer novas casas. Então, novas famílias certamente seriam atormentadas, assim como foram os Freeling. E para o dono da empresa, nada? Aparentemente não. Ele bem que merecia ter a casa invadida pelos espíritos, que poderiam passar o resto da vida o atormentando, até que ele perdesse a razão total.
Quem sabe assim ele aprenderia a não ver apenas o aspecto financeiro das coisas, a não pensar somente em lucro. Se isso acontecesse, ele talvez passasse a ter uma visão mais humana, e a ter mais respeito pela memória de quem já se foi. Mas, como o foco do filme não era ele, esta parte da história não foi contada.
O importante é que, depois deste filme, ninguém mais deixou a televisão ligada fora do ar, com aquela tela barulhenta, cheia de brilhos. Talvez tenha sido por isso que criaram a tela com fundo azul, para canais fora do ar. Mas acho que isso não resolveu o problema dos espíritos. E enquanto houver espíritos, sempre vai haver filmes com histórias cheias de suspense e esperando ansiosamente o final. Quer seja Poltergeist, quer seja Atividade Paranormal. Tanto faz. São bons filmes. Poltergeist é um bom filme.



02 julho, 2012

...E o vento levou (Carlos)


Eu tinha uma visão totalmente diferenciada desse filme. Quando se falava em "E o vento levou" eu imaginava um filme extremamente romântico, daqueles tipo Romeu e Julieta ou Casablanca. Porém logo no começo você se depara com uma garota que para a época era muito revolucionária, gostava de se exibir, de ter a atenção de todos os homens, não tava nem aí para as etiquetas e, além de tudo isso, ela fez de tudo para ficar com o noivo de sua amiga.
Após tudo isso ainda aparece um homem de má reputação, que só busca a diversão nas mulheres. Aí você para pra pensar: onde vai estar o romantismo aí?.... A primeira impressão é que seja talvez no amor de  Scarlett por Ashley, ou de Rhett por Scarlett, mas temos também o de Ashley por Melanie, e acabamos percebendo o de Melanie por Scarlett e até o filme do filme fica essa dúvida. 
O fato do filme ser longo (está entre os 5 mais longos de todos os tempos) não o torna chato, nem cansativo, porém acho que se fosse hoje, teriam pelo menos uns 2 ou 3 filmes, o que dava para fazer, já que no próprio filme ele separa suas fases. O filme passa por várias etapas, aborda vários temas, porém em nenhum momento perde o sentido. A única crítica que poderia fazer quanto a isso é que, apesar do tempo que passa, os personagens do filme não envelhecem, mesmo depois de tantas lutas e sofrimentos. Esse fato poderia ser corrigido hoje em dia com os grandes recursos de maquiagem. Uma coisa que chama a atenção logo de cara é a fotografia do filme e, se impressiona até hoje, imagina para a época. Mesmo percebendo suas limitações a gente fica impressionado.
Voltando ao filme encontramos Scarlett, uma mulher que escolhe seu objetivo e corre atrás dele passando por cima de tudo. Seu objetivo parecia muito simples para ela, era só dizer para Ashley que o amava e então eles se casariam e como todos os homens da cidade eram louco por ela isso seria fácil. O único problema era que ele estava noivo, e no momento em que ela se declara pela primeira vez ela é rejeitada por um homem. Ashley diz que ama Melanie e logo após ouvir isso ela ainda ouve umas meninas cochichando que Scarlett não uma mulher que os homens querem para casar e, diante de tudo isso, numa ação desesperada, ela resolve se casar com o irmão de Melanie só para mostrar que podia se casar e para causar ciúme em Ashley.
No meio de tudo isso temos a guerra que é um dos pontos mais fortes do filme. Ali podemos ver uma situação muito comum na época, a luta por terra e por poder e no meio disso os jovens que, iludidos com a chance de serem heróis e por amor a sua pátria, vão em busca dessa luta.
Iludidos, eles largam suas famílias, amores, amigos e terra, para lutar por algo que muitas vezes não sabem nem o que é e em muitos casos como o do filme uma causa impossível. Talvez se eles se tivessem se rendido desde o começo, não haveriam perdido tantos jovens, homens e terras e pudessem estar mais fortes para combater o inimigo. Hoje em dias as guerras não são tão mais comuns, porém quando acontecem, o discurso é o mesmo, a ilusão é a mesma e as perdas são as mesmas, e o resultado... crianças órfãs, viúvas e terras que o vento levou...
Scarlett ficou viúva e teve que lutar muito para sobreviver. Prometeu a Ashley cuidar de Melanie e por esse amor ela cumpriu sua promessa mesmo arriscando sua vida. Melanie, por outro lado, cuidava de todos pelo simples fato de querer ajudar e, desde o começo, ela mostrava uma grande admiração por Scarlrett. Por ter seu coração puro ela conseguia ver o lado bom de todos, inclusive de Scarlett e, mesmo com todos dizendo o contrario e fazendo intrigas, ela a defendia sempre.
Numa segunda parte do filme, quando os Yankes já haviam dominado e destruído tudo, Scarlett resolve voltar pra Tara, terra de sua família, e tendo que levar consigo Melanie doente e seu filho recém-nascido. Para lhe ajudar com isso ela só conhece uma pessoa, Rhett, um romântico cafajeste e irônico. Meio estranho isso né? Porém, para o filme, deu muito certo. O diretor conseguiu fazer um anti-herói e uma anti-heroína se tornarem grandes protagonistas. Rhett ajudou Scarlett a sair da cidade, e começamos a perceber que apesar de seu jeito e do fato de sempre repetir que não queria casar, ele começa a sentir algo diferente por Scarlett.
Ao retornar a Tara, Scarlett percebe que nada é mais como antes e, com fome e uma grande responsabilidade, ela diz "Nem que eu tenha de mentir, trair, matar ou roubar. Com Deus como testemunha, eu nunca mais vou passar fome na vida (...) de qualquer maneira, amanhã é um novo dia" e foi exatamente assim que aconteceu, ela mentiu, traiu, "matou" e roubou, porém manteve Tara.
Percebemos nessa parte do filme uma certa dose de feminismo, pois naquela época as mulheres eram criadas para serem submissas e Scarlett faz tudo ao contrario, toma de conta do terreno, da família, dos negócios e para não perder Tara para os ianques, ela casa-se novamente com um homem que não ama por causa do dinheiro. Para piorar a situação ele ainda era o pretendente da sua irmã, mais uma vez ela é criticada por todos, menos por Melanie.
Ao ficar viúva pela segunda vez, Rhett convence-a a se casar com ele e, mais uma vez, ela se casa por conveniência e percebemos que aquele grande cafajeste se tornou um extremo romântico e até um homem do sonhos de todas as mulheres, esposo amoroso, pai perfeito... Porém Scarlett continuava obcecada por seu falso amor por Ashley, tornando-se infeliz nesse casamento também. Ao descobrir que realmente ama Rhett já é tarde demais, pois ele cansado de tudo vai embora.
E o que falei no começo sobre romantismo, percebemos nesse momento que o romance de "E o vento levou...." não esta no amor de  Scarlett por  Ashley, que descobre que era só mais um capricho, nem no de  Rhett por  Scarlett, que depois de tanto insistir em ouvir que ela o amava não foi capaz de resistir ao desprezo quando isto aconteceu, nem o amor de Ashley por Melanie que, mesmo sendo verdadeiro, não se tornou o centro da história e então ficamos com o de Melanie por Scarlett, que até na hora da sua morte pediu a  Scarlett que cuidasse de Aslhey como cuidou dela por ele, o que nos mostra que Melanie sempre soube do real desejo de  Scarlett por Aslhey e mesmo assim não deixou de admira-la.
Scarlett, reconhecendo esse amor, mostra no fim que, apesar de tudo que fez, sempre admirou Melanie por ela ajudar a todos sem querer nada em troca. Ao reconhecer isso, percebemos essa grande amizade entre as duas, porém isso ainda estaria longe de um grande romance. Então ainda continuamos com a questão de onde está o romantismo.
Percebemos com a frase de  Scarlett no fim "Irei para o meu lar e pensarei numa forma de tê-lo de volta!  Afinal, amanhã é um novo dia!" e debaixo de uma arvore ela lembra de seu pai falando do amor dos irlandeses pela terra, e percebe que tudo que fez foi por amor a Tara e que, apesar de ser uma terra que o vento levou, era lá que ela conseguia reerguer-se e de lá que tirava sua força. O grande romance do filme estava aí, no amor de Scarlett por Tara.