O diretor do filme, Joel Schumacher, não é também dos meus favoritos, porque quase destruiu, no cinema, a imagem de um dos meus super-heróis favoritos, o Batman, no filme Batman & Robin (até hoje considerado um dos piores da história). Se não fosse Christopher Nolan e Christian Bale... Mas, enfim. Até que se fosse apenas por este filme, não seria possível condenar o diretor. Se não é um filme brilhante, marcante, é um filme dentro dos padrões, normal.
O personagem principal, o investigador Tom Welles, vivido por Nicolas Cage, é o tipo de pessoa que só se encontra em filmes, praticamente. Duvido muito que qualquer outra pessoa continuasse uma investigação tão complicada como aquela, caso sua vida estivesse em risco. Por mais dinheiro ou visibilidade que o sucesso da investigação trouxesse junto, no momento em que começasse a ser ameaçado, a maioria das pessoas desistiria.
Então vem a pergunta: o que leva uma pessoa a arriscar a própria vida, e da família, em nome de uma desconhecida? O compromisso com a profissão? O compromisso firmado com a pessoa que o contratou? O compromisso com a verdade? O desafio? Uma empatia com a história da vítima? Talvez, para Tom, sua motivação tenha sido um pouco de tudo isso. Não dá pra saber. O que dá pra dizer, sem dúvidas, é que Tom Welles é corajoso. E louco também. Precisava ser os dois pra fazer tudo o que ele fez.
O fato de todo o mistério ter se originado em uma família rica, influente na política, é normal. Grande parte das pessoas que têm muito dinheiro acreditam que podem tudo, que têm direito à tudo, simplesmente porque têm dinheiro. Este aspecto se torna mais relevante quando a origem do dinheiro é o povo, o público, as pessoas. Quantos políticos vemos por aí, envolvidos em escândalos com prostitutas, ou até mesmo amantes, tudo a custa do dinheiro do povo? E este tipo de político não se encontra apenas no nosso país, mas até nos países chamados de "primeiro mundo".
O caso mais emblemático talvez seja do premier italiano Silvio Berlusconni, que vez por outra surge nos noticiários envolvidos em mega festas, com prostitutas e coisas do tipo. E quem são seus convidados? Empresários e políticos, certamente. O que eles fazem nestas festas, melhor nem saber. Só não duvido nada de que aconteçam coisas tipo as mostradas neste filme. O filme retrata coisas que acontecem da forma mais secreta possível, proibidas até mesmo para quem vive no meio. Neste aspecto, qualquer semelhança com a realidade pode não ser mera coincidência.
A busca da verdade pode ser considerada, sim, o principal motivador deste filme. Primeiro, por parte da Sra. Christian, que se interessou pela vida da jovem no filme encontrado no cofre de seu marido. Aquelas cenas foram reais ou encenadas? Aquela jovem ainda estava viva, aonde, como vivia, com quem? A Sra. Christian precisava descansar tranquila, e isso só aconteceria depois que soubesse toda a verdade.
E o investigador Tom conseguiu chegar até o fim, e descobrir tudo. A Sra. Christian não suportou saber a verdade, mas cumpriu com sua parte no contrato, e foi além, ajudando também a mãe da jovem Mary Ann, a Sra. Janet, que ainda tinha esperanças de reencontrar a filha desaparecida. A própria Sra. Janet, quando soube da verdade, suportou a dor da forma que pôde. Ela mesma disse que gostaria de saber a verdade, por mais dura que fosse.
A verdade, por mais escondida que esteja, um dia vem à tona. Seja pelas mãos e recursos de uma viúva, seja pela coragem e inteligência de um investigador policial, ou ainda pela colaboração e amizade de um vendedor de material pornográfico. Não há nada coberto que não venha a ser descoberto. Os responsáveis pelo filme no cofre do senador descobriram isto, da pior forma possível. A verdade pode machucar, magoar, mas nunca é prejudicial. É sempre benéfica.