A ideia desse blog começou com 0 livro "O Clube do Filme", de David Gilmour, onde um rapaz desinteressado da escola é convidado pelo pai (crítico de cinema) a abandonar os estudos, desde que os dois assistissem juntos a pelo menos três filmes por semana. Minha esposa (na época namorada) Elaynne me presenteou com este livro, e decidimos fazer algo parecido: assistir a um filme por semana em casa.
Fizemos uma lista inicial de 36 filmes, sendo 18 escolhidos por mim e 18 por ela. Sorteamos um filme para assistir e já indicamos qual será o seu substituto na lista. Ou seja, isso não vai acabar nunca. Eu tomei a iniciativa de comentar os dois primeiros filmes que assistimos, daí criamos o hábito de comentar cada filme que assistimos, sendo que os meus filmes são comentados pela Elaynne e os dela, por mim.
Os comentários apresentam muitos spoillers. Por isso, se você gosta de surpresas, não vai gostar de ler nossos comentários. Se pra você tanto faz, ou se já assistiu aos filmes, aposto que vai se interessar em nossos comentários, mesmo que não concorde com todos.
Espero que curtam nosso interesse por cinema. Se gostou do blog, nos ajude a divulgar.

Carlos Henrique

03 dezembro, 2013

Conta Comigo (Carlos)

Conta Comigo é estilo "Os Goonies", aquele filme tipico de adolescente e que marcou uma época. Sorte a nossa que vivemos nessa fase, hoje em dia faltam filmes assim, feitos para crianças e adolescentes, com essa inocência e mensagem positiva.

Conta Comigo traz a historia de 4 adolescentes e fala de uma amizade como a que Gordie diz no final: "não existe amizade como as dos doze anos". Esse é o grande tema do filme, uma verdadeira aula sobre amizade.
Temos 4 adolescentes com personalidades bem distintas. Primeiro temos Chris, um rebelde, o introspectivo Gordie, o explosivo e porque não dizer meio doido Teddy e o medroso e inseguro Vern.
Esses quatro decidem seguir numa aventura achar o corpo de um rapaz, para isso eles tem horas de caminhadas numa floresta e é nesse momento que eles, que já eram grandes amigos, começam realmente a se descobrir e precisar mais um do outro, desta forma eles vivem grandes alegrias, tristezas e enfrentam seus medos sempre contando com a ajuda do outro.
Uma cena que me chamou muita atenção foi o dialogo entre Gordie e Chris, onde percebemos como Chris, apesar de ser considerado pela sociedade o pior do grupo, na verdade se torna o lider desse grupo não de uma forma autoritária, de uma forma paternal, e dessa forma ele diz ao Gordie “ Crianças desperdiçam tudo, se ninguém cuida delas, por isso tô aqui para cuidar de você”. Ele age como se fosse o pai de Gordie, pois percebemos durante o filme que os pais dele “não existiam”, viviam na sombra do seu irmão que morreu e esqueceram seu filho que estava vivo. E Chris foi muito feliz ao falar isso, as crianças precisam de alguém que tomem de conta delas, acho que todo pai ou mãe deveria ouvir isso e ficar se repetindo sempre.
O que achei interessante foi que, lendo sobre o filme, descobri que Stephen King fez o conto “The Body” no qual o filme foi adaptado, baseado numa experiencia que teve aos 12 anos quando voltava para casa com um amigo. Durante a caminhada pelas áreas florestais de Maine, encontrou um cadáver de um rapaz da região, além disso Gordie, assim como ele, se tornaram escritor e desde criança tinham a fama de escrever estórias surreais como aquela clássica do menino gordo. Seu irmão morreu de acidente de carro e ele ainda assume o banho dos sanguessugas, rsrsrsrs. Podemos ate considerar que é uma especie de autobiografia da sua infância.
Por fim, Stephen King consegue mostrar para gente que o olhar dos outros pode influenciar e muito nossas escolhas, mas que o nosso destino só depende da gente. Percebemos isso vendo o fim de Gordie, um grande escritor, e Chris que, mesmo desacreditado por todos, vira um grande advogado. E claro ele também nos leva a rever os nossos amigos de infância e ficar se perguntando onde estão aqueles amigos de tantas travessuras e aventuras, afinal “ não existe amizade como as dos 12 anos”, e muitas vezes com o corre corre da vida moderna acabamos esquecendo desses grandes momentos da nossa vidas.
E para ilustrar isso tem a cena que Teddy começa a brincar de afogar seus colegas e Chris fala para ele agir de acordo com sua idade e ele sem pensar fala “ Estou agindo de acordo com minha idade. Sou jovem, e a juventude só vem uma vez em nossas vidas. Temos de aproveitá-las”. Então para que essa pressa de que as crianças cresçam antes da hora? Elas tem mais é que viver esse momento lindo e raro. E nós como adultos temos que deixar que isso aconteça, só assim elas vão crescer e ter historias para contar de sua infância.
“Nunca tive amigos como aqueles que tive aos 12 anos. Jesus, mas quem tivera?!” 


17 novembro, 2013

8 mm (Elaynne)

Não que seja um filme ruim, nada disso. É até um bom filme, com uma história diferente, que explora um assunto de certa forma proibido, que é o submundo da pornografia no cinema. Mas, não é um filme que eu incluiria na minha lista, se já tivesse assistido.
O diretor do filme, Joel Schumacher, não é também dos meus favoritos, porque quase destruiu, no cinema, a imagem de um dos meus super-heróis favoritos, o Batman, no filme Batman & Robin (até hoje considerado um dos piores da história). Se não fosse Christopher Nolan e Christian Bale... Mas, enfim. Até que se fosse apenas por este filme, não seria possível condenar o diretor. Se não é um filme brilhante, marcante, é um filme dentro dos padrões, normal. 
O personagem principal, o investigador Tom Welles, vivido por Nicolas Cage, é o tipo de pessoa que só se encontra em filmes, praticamente. Duvido muito que qualquer outra pessoa continuasse uma investigação tão complicada como aquela, caso sua vida estivesse em risco. Por mais dinheiro ou visibilidade que o sucesso da investigação trouxesse junto, no momento em que começasse a ser ameaçado, a maioria das pessoas desistiria.
Então vem a pergunta: o que leva uma pessoa a arriscar a própria vida, e da família, em nome de uma desconhecida? O compromisso com a profissão? O compromisso firmado com a pessoa que o contratou? O compromisso com a verdade? O desafio? Uma empatia com a história da vítima? Talvez, para Tom, sua motivação tenha sido um pouco de tudo isso. Não dá pra saber. O que dá pra dizer, sem dúvidas, é que Tom Welles é corajoso. E louco também. Precisava ser os dois pra fazer tudo o que ele fez.
O fato de todo o mistério ter se originado em uma família rica, influente na política, é normal. Grande parte das pessoas que têm muito dinheiro acreditam que podem tudo, que têm direito à tudo, simplesmente porque têm dinheiro. Este aspecto se torna mais relevante quando a origem do dinheiro é o povo, o público, as pessoas. Quantos políticos vemos por aí, envolvidos em escândalos com prostitutas, ou até mesmo amantes, tudo a custa do dinheiro do povo? E este tipo de político não se encontra apenas no nosso país, mas até nos países chamados de "primeiro mundo".
O caso mais emblemático talvez seja do premier italiano Silvio Berlusconni, que vez por outra surge nos noticiários envolvidos em mega festas, com prostitutas e coisas do tipo. E quem são seus convidados? Empresários e políticos, certamente. O que eles fazem nestas festas, melhor nem saber. Só não duvido nada de que aconteçam coisas tipo as mostradas neste filme. O filme retrata coisas que acontecem da forma mais secreta possível, proibidas até mesmo para quem vive no meio. Neste aspecto, qualquer semelhança com a realidade pode não ser mera coincidência.
A busca da verdade pode ser considerada, sim, o principal motivador deste filme. Primeiro, por parte da Sra. Christian, que se interessou pela vida da jovem no filme encontrado no cofre de seu marido. Aquelas cenas foram reais ou encenadas? Aquela jovem ainda estava viva, aonde, como vivia, com quem? A Sra. Christian precisava descansar tranquila, e isso só aconteceria depois que soubesse toda a verdade.
E o investigador Tom conseguiu chegar até o fim, e descobrir tudo. A Sra. Christian não suportou saber a verdade, mas cumpriu com sua parte no contrato, e foi além, ajudando também a mãe da jovem Mary Ann, a Sra. Janet, que ainda tinha esperanças de reencontrar a filha desaparecida. A própria Sra. Janet, quando soube da verdade, suportou a dor da forma que pôde. Ela mesma disse que gostaria de saber a verdade, por mais dura que fosse.
A verdade, por mais escondida que esteja, um dia vem à tona. Seja pelas mãos e recursos de uma viúva, seja pela coragem e inteligência de um investigador policial, ou ainda pela colaboração e amizade de um vendedor de material pornográfico. Não há nada coberto que não venha a ser descoberto. Os responsáveis pelo filme no cofre do senador descobriram isto, da pior forma possível. A verdade pode machucar, magoar, mas nunca é prejudicial. É sempre benéfica.



23 julho, 2013

O Som do Coração (Carlos)

O filme tem uma ideia muito legal e a estória é muito interessante. Começando por Evan Taylor, uma criança especial, não digo nem pelo fato dele conseguir ouvir todos os sons, mas sim por ele ter um sonho e ir atrás deste sonho, apesar de tudo parecer improvável. Na sua entrevista com o assistente social percebemos isso. Ao ser questionado sobre o que quer ser quando crescer ele disse “encontrado”, e por causa desse sonho ele resolve seguir o som do seu coração e ir atrás dos seus pais, com a certeza que eles sempre o quiseram. Isso numa criança órfã é bem raro.
Ao fugir do orfanato ele se depara com Arthur, um garotinho tirando um som de algo que ele desconhecia, um violão. Com a curiosidade ele segue esse garoto e se depara com Mago, um homem que explora o talento desses meninos para ganhar dinheiro e, ao perceber o grande talento de Evan, vai logo tratando de mudar seu nome para não perde-lo. Agora Evan se chama August Rush e, pelo destino, vai estudar em Juilliard, uma famosa escola de música de Nova Iorque, onde ele faz uma audição brilhantemente, e acaba por escrever uma magnífica peça chamada "August's Rhapsody". Por coincidência, é a mesma escola em que sua mãe estudou musica.
Rush resolve tocar para muitas pessoas, pois sabia que seus pais podiam ouvi-lo.  Lyla, sua mãe, toma a mesma decisão: após anos sem tocar resolve se apresentar em Nova Iorque com a mesma certeza que seu filho poderia escutá-la. Louis, seu pai, resolve voltar a fazer um show com sua banda. E essa musica é que acaba unido os três.
A cena em que pai e filho se encontram na praça, sem saber quem são, é perfeita. O som que eles fazem e a grande mensagem de Louis: “Nunca desista de sua música não importa o que aconteça, pois quando algo de ruir acontecer com você, é o único lugar aonde pode fugir e esquecer!”, essa foi de arrepiar, a musica é uma grande forma de fugir da realidade, quem tem a sensibilidade de perceber isso é muito mais feliz.
Eu particularmente adoro musicas e filmes, então esse casamento foi perfeito.
Musica é um dom de Deus. Pena que hoje em dia isso está sendo muito confundido com barulhos e letras que dizem ser canções. As pessoas estão perdendo a sensibilidade de ouvir uma grande canção e ouvir com o som do coração. Como Rush disse no final  "A música é tudo o que nos rodeia. Tudo que você tem que fazer é ouvir".


19 maio, 2013

O Jardineiro Fiel (Elaynne)


Realmente, quando eu ouvia falar deste filme, nunca imaginei que se tratava de uma história tão marcante. Eu pensava ser mais um filme de romance, alguma história de amor, como muitos filmes comuns que vemos por aí. Eu nunca tive nem a curiosidade de pesquisar a respeito deste filme. Até hoje. E, por este motivo, posso dizer que este filme me surpreendeu, positivamente.
Uma história que envolve muitos aspectos, alguns deles se fazem entender apenas durante o filme. Fidelidade e traição, confiança, política, e principalmente, dinheiro e vida. Qual dos dois vale mais? Para a maioria das pessoas a resposta a esta pergunta é muito fácil. Para a maioria, não para todas. Ainda há quem acredite que, por alguns dólares a mais, qualquer atitude é justificável. 
Vou começar falando sobre a questão da confiança. Tessa e Justin eram pessoas totalmente diferentes em seu modo de ver a vida, e esta diferença se refletia no modo de agir de ambos. Justin sempre passivo, tranquilo, cumprindo seu papel sem maiores esforços. Tessa sempre explosiva, fala o que pensa, sem medo de desagradar ninguém. Ousada. E, apesar destas diferenças, ou talvez por conta destas diferenças, os dois se apaixonaram e começaram uma relação bonita, que tinha tudo para melhorar com a vinda do filho.Que não veio.
Com isso, a história tomou um rumo diferente. Tessa encontrou no Quênia um parceiro para suas ideologias, alguém que pensava semelhante a ela, o Dr. Arnold. Uma amizade que começou a incomodar muitos poderosos da região, mas também começou a incomodar o marido de Tessa. E após a morte dela, as suspeitas da infidelidade de Tessa aumentaram na mente de Justin. Certamente, no início de sua investigação, foi este o principal motivador da sua busca: saber se foi ou não traído.
E ele descobriu que havia se casado com uma mulher que o amava mais que tudo. E ele lamentou muito ter desconfiado dela em algum momento infeliz. Mas descobriu também que sua esposa não confiou nele totalmente. Não no assunto que mais ocupava sua mente e seu tempo. Apesar de Tessa ter feito isso pensando em Justin, em não envolve-lo ou comprometer seu trabalho, ela não confiou nele. Talvez, se Tessa tivesse compartilhado com seu esposo toda a sua situação e investigação, a história seria diferente.
Apesar de não ter traído seu esposo nunca, ela chegou a insinuar esta possibilidade para o melhor "amigo" do casal, tudo para atingir seu objetivo, que era de denunciar a exploração pela qual o povo do Quênia passava. Aí vem aquela velha dúvida: os fins justificam os meios? Quer dizer, ela salvaria milhões de vidas, mas se continuasse viva e fosse cumprir a promessa que fez ao amigo Sandy, seria justa com Justin, o esposo que tanto a amava? E caso ela justificasse que era por uma boa causa, não estaria de certa forma se igualando aos empresários e políticos contra os quais ela lutava? Um dilema moral que certamente tirou o sono de Tessa. Mas também que lhe deu forças para continuar com sua investigação, pois a promessa era um motivo a mais para ir com aquela história até o fim, até as últimas consequências. Eu, particularmente, não acredito que ela cumpriria sua palavra com Sandy.
O que mais me espanta neste filme é que, apesar de ser uma história de ficção, qualquer semelhança com fatos reais não é mera coincidência. Mudam as pessoas, os países envolvidos, as empresas. Mas o que acontece neste filme é apenas o retrato da realidade, com a qual não nos preocupamos tanto assim, porque nem sabemos que existe mesmo. É uma realidade distante da nossa, com a qual não temos contato, não convivemos diretamente, e acabamos, na maioria dos casos, simplesmente deixando de lado. Afinal, o que podemos fazer a respeito?
Ainda bem que há pessoas como Tessa no mundo. Pessoas que não têm medo de falar, e vão além do falar. Elas agem. E fazem o que fazem não para se promoverem, mas porque existe dentro delas uma preocupação com o ser humano, com a vida, com os semelhantes. Tessa é o tipo de pessoa que faz a diferença onde está, e tem consciência de que suas atitudes podem mudar a vida das pessoas. E mesmo que tudo o que ela fizesse só ajudasse uma pessoa, ainda assim, valeria a pena. "Não podemos ajudar todo mundo", disse Justin. "Não podemos. Mas ali tem duas pessoas que podemos ajudar agora", respondeu Tessa. Esta lição foi aprendida por Justin mais tarde. É uma lição que já devia estar internalizada na mente de todo ser humano.
Quem dera houvesse no mundo pessoas tão engajadas como Tessa. Certamente viveríamos em um mundo menos injusto e mais participativo. Um mundo onde todos os seres humanos se tratassem como iguais. E aqueles que se vissem superiores, melhores, donos da verdade, simplesmente por terem um poder financeiro superior, estes seriam julgados não pelo que têm, mas pelo que fazem. E seriam condenados por uma sociedade justa. Seria assim, ou pelo menos parecido com isso, se Tessa não fosse um personagem de ficção, mas alguém real, e que fosse imitada por milhares de pessoas ao redor do mundo.
Mas, como eu disse antes, este filme não é diferente da realidade. E o fim de Tessa foi igual ao fim de muitos corajosos que abrem sua boca, falam o que deve ser falado, com coragem de enfrentar os poderosos. Só que, estas pessoas têm a vida abreviada porque são poucas. Se fossem em maior número, assim que uma morresse outra se levantaria e continuaria seu trabalho. Mas o medo é maior, e as pessoas preferem ficar caladas, ou no máximo trabalhando em segredo, às escondidas, esperando que um outro corajoso apareça e faça o que ninguém mais tem coragem. Quando todos os justos se calarem, até as pedras clamarão! Vai chegar o tempo em que será preciso ouvir as pedras clamarem, e será breve.
Um dia também, eu espero, o mundo não será mais escravo do dinheiro. Quando este dia chegar, empresas farmacêuticas como a da história não poderão mais fazer o que fazem. Não terão mais lucros bilionários à custa da vida de milhares de inocentes, pois a vida de qualquer ser humano será mais valiosa que qualquer lucro que qualquer empresa seja capaz de produzir. É a desvirtuação dos valores que torna possível que coisas como a que aconteceram neste filme sejam realidades. E apesar de que estas realidades estejam distantes de nós, elas nos atingem. 
Não estamos livres da situação de vítima da mesma escravidão (do poder financeiro), e também não estamos isentos da nossa parcela de culpa, por nos calarmos e cruzarmos nossos braços. Uma frase que ouvi no curso "Educadores Sociais", que marcou e até hoje me lembro: "Quando vemos um forte dominando um fraco e não tomamos o lado de nenhum dos dois, já escolhemos o nosso". Tessa acreditava nisto. E foi fiel àquilo que acreditava até o fim. E mesmo depois, conseguiu contagiar seu esposo Justin com sua sede de justiça. "Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão fartos".


15 abril, 2013

O resgate do soldado Ryan (Carlos)


Tenho que concordar com muitos... é um dos melhores filmes de guerra já produzidos. Primeiro porque ele retrata perfeitamente todas as cenas, e segundo porque  ele mostra um lado humanístico e solidário da guerra. Timothy Upham diz a um soldado que está escrevendo (essa parte não me lembro bem) sobre as relações humanas entre os soldados. Ele não poderia ter tido experiencia melhor para isso.
O filme destaca a Batalha da Normandia durante a Segunda Guerra Mundial. Logo de cara nos mostra uma cena de guerra como poucas que vemos, o ataque na praia de Omaha. Essa cena nos prende e nos leva a crer que estamos vendo uma guerra de verdade, o sangue no mar, os soldados sendo baleados dentro do mar, as mortes... foi tudo uma aula de direção e fotografia, não é a toa que essa cena foi votada a "melhor cena de batalha de todos os tempos" pela revista Empire, além de ter sido classificada na primeira posição da lista do TV Guide dos "50 Maiores Momentos do Cinema".
Uma coisa interessante que descobri sobre o filme é que Rodat resolveu escrever a história apos ver um monumento dedicado a quatro filhos de Agnes Allison mortos na Guerra Civil Americana. Isso faz com que a historia seja ainda mais real. Porém ao fazer o filme ele resolve dar um final diferente a essa realidade.
O chefe ao perceber que 3 irmãos Ryan morreram no combate e um quarto ainda pode estar vivo em algum lugar da França resolve mandar o Capitão John H. Miller e sete homens em uma missão de resgate a este único soldado. Todos os soldados chamados para essa missão ficam se perguntando porque a vida desse rapaz vale mais que a deles oito, como até se é questionado no filme, todos eles têm uma mãe para chorar por eles.
E esse talvez seja o grande embate do filme. A cada morte de um do grupo as dúvidas aumentam. Finalmente, depois de vários contra-tempos, eles encontram Ryan vivo, junto com outros sobreviventes. Aí vem o ápice do filme. Ao ser informado da morte dos irmãos, Ryan se recusa a abandonar seu posto, e dá uma verdadeira aula de solidariedade e companheirismo, pois qualquer um queria estar no lugar dele e sair daquele inferno e ir para sua casa.
Ele ganhou esse presente e se recusou, pois sua missão era proteger aquela ponte junto com seus irmãos, como ele mesmo fala. Miller se vê num dilema: ir embora para sua casa com a a missão incompleta e talvez ficar se pensando o resto de sua vida na vida daquele rapaz, ou ficar e ajudar os soldados a guardar a ponte frente a um iminente ataque alemão.
Demostrando mais uma vez a solidariedade dos soldados ele fica e comanda aquela defesa, sempre buscando proteger Ryan. No fim, a grande frase que fica para Ryan é "Faça por merecer". Ryan fica sempre com essa frase na cabeça e tentando fazer sempre o melhor para  fazer por merecer todas aquelas mortes para salvar a dele. Essa é grande lição do filme. Acho que todos nós deveríamos sempre pensar assim para podermos sempre fazer o bem, é claro que não foram muitos pessoas que morreram para nos salvar, porem Cristo fez isso a muitos anos atras e por isso temos que agradecer todos os dias e pensar nessa frase "Faça por merecer".



30 março, 2013

Pulp Fiction - Tempo de Violência (Elaynne)


Até hoje eu conhecia Quentin Tarantino por filmes como Kill Bill e Sin City (onde dirigiu algumas
cenas). Filmes violentos, brutais, e que exageram nas cenas de lutas, principalmente quando há sangue envolvido. Tarantino demonstra nestes dois filmes que valoriza o exagero, de forma a reduzir o impacto da violência nas cenas. Todo aquele sangue que jorra de partes do corpo cortadas desfazem a "realidade" da coisa, sem no entanto diminuir o prestígio das cenas.
Então, com a experiência destes filmes que citei, sempre quis assistir Pulp Fiction. É um filme que estaria na minha lista, com certeza, mais por curiosidade que por qualquer outra coisa. Um filme de Quentin Tarantino com "violência" no nome deve ser o mais sanguinário de todos, era o que eu acreditava. E, bem... não é bem assim. Nada daqueles rios de sangue.
Claro que este detalhe não diminui a qualidade do filme em nada. É um filme muito bom, não a toa ganhou um Oscar pelo roteiro. A forma como a história é desenvolvida e narrada é diferente. O filme começa em um determinado dia, avança, depois retorna do ponto onde parou, só que por outro ponto de vista. É o que faz o roteiro ser diferente e realmente original. Não dá nem pra dizer que há um personagem principal na história. Isto depende muito de qual parte do filme você assiste.
Se pega o início do filme, dá pra dizer que o personagem principal é Vincent (John Travolta), junto com Mia (Uma Thurman). Se assiste o meio do filme, o personagem mais relevante é o boxeador Butch (Bruce Willis). Mais à frente a história valoriza o personagem Jules (Samuel L. Jackson). E cada parte forma uma história de certa forma interdependentes. Daria pra fazer três filmes diferentes de cada personagem, ou mais filmes ainda, dependendo de qual personagem escolher. E este é um dos motivos pelo qual este filme faz tanto sucesso. 
Um dos fatos que mais me chamou a atenção neste filme é a diferença de personalidade entre os dois assassinos, Vincent e Jules. Em alguns instantes parece até que eles vão se matar, ou iniciar um tiroteio, e por discussões banais, por teimosia dos dois. São diferentes, têm pontos de vista diferentes sobre a vida que levam, mas acima de tudo são parceiros. Com todas as brigas e discussões, eles confiam um no outro. Sabem que podem contar um com o outro quando for preciso, mesmo que não concordem com o pensamento do outro. Isto se chama confiança, qualidade difícil de se encontrar, mas que pode existir até mesmo entre criminosos.
E o que dizer de Jules? O cara é uma figura! Como pode um assassino viver citando a Bíblia, mesmo que sempre o mesmo trecho? Acontece que ele é um assassino que tem fé, mais uma qualidade rara de se ver, mesmo entre pessoas "normais". Um cara que convive com a morte quase que diariamente, de repente se dá conta de que a vida pode ter algo mais a oferecer a ele. E que ele pode ter algo mais à oferecer à vida dele e das pessoas. A partir daí ele tenta compreender realmente o texto bíblico que ele já tinha decorado:
"O caminho do homem justo é rodeado por todos os lados pelas desigualdades do egoísmo e da tirania dos homens maus. Bem-aventurado aquele que, em nome da caridade e da boa vontade, pastoreia os fracos pelo vale das trevas, pois ele é verdadeiramente o guardião do seu irmão e o descobridor das crianças perdidas. E derrubarei sobre ti, com grande vingança e furiosa raiva, aqueles que tentam envenenar e destruir meus irmãos. E você saberá que o meu nome é Senhor quando eu derramar minha vingança sobre você.
Pra dizer a verdade, o texto de Ezequiel 25:17 é apenas a parte sublinhada. O início foi criado por Tarantino ou por Samuel L. Jackson, vai saber. O importante é que, de tanto repetir este texto, Jules percebeu que tudo o que dizia fazia algum sentido. Só faltava descobrir que sentido era esse. E, se é preciso um milagre para um criminoso mudar de vida, este milagre aconteceu, pelo menos no entendimento de Jules. 
E milagres são assim. Quem os presencia sente algo mudar dentro de si. Pode ser a pior das pessoas, ou aquela que acredita ser a melhor. Aquele que acredita estar vivo ou saudável por um milagre não quer guardar isto para si. Quer compartilhar, mostrar ao mundo que ter fé vale a pena. Eu falo até mesmo por mim. Vivi um milagre e, por isso, não espero mais por outro. Espero, sim, poder ajudar as pessoas a terem fé suficiente para viverem seu próprio milagre, ou a terem seus olhos abertos para que percebam que o milagre que elas esperam aconteceu. Só falta crer, ver e aceitar.

15 março, 2013

O anjo malvado (Carlos)


O anjo malvado tem uma grande atuação de Macaulay Culkin, se não a melhor, ele interpreta Henry Evans com uma personalidade incrível, foi capaz de interpretar um psicopata como poucos e ele era só uma criança. A tradução do titulo para português foi uma das poucas que já vi que ficou melhor que o original, afinal “The Good Son”, convenhamos, não tem muito a ver. Talvez fosse uma forma apenas de iludir as pessoas também no começo do filme.
O anjo malvado trouxe ao filme uma intriga maior, afinal anjos são bons. Como pode existir um anjo mal? Penso nesse titulo como se toda criança fosse uma anjo, pois toda criança é pura e então como pode existir uma criança má? Essa é a grande questao do filme. Mark Evans, que é primo de Henry, começa a perceber toda a maldade do primo e tenta alertar a todos sobre isso, mas quem acreditaria numa criança que tinha acabado de passar pelo grande trauma de perder a mãe? Além disso quem acreditaria que uma criança fosse capaz de fazer tamanhas maldades?
No desenrolar do filme você percebe que Henry é um garoto muito inteligente e perspicaz e usa essas sua habilidades para enrolar as pessoas. Ele demonstra ser uma pessoa fria e calculista que não sente remorso de nada, mata sem motivos aparentes, só para fazer o mal, características de um grande psicopata. Muitas vezes durante o filme ele demonstra que faz tudo pelo simples fato de querer o amor da família só para ele, talvez por isso tenha matado seu pequeno irmão.
O filme não diz, porém entende-se, que essa foi a primeira grande maldade dele, e esse seu egoismo e ciumes são confirmados na cena em que sua mãe encontra o patinho de borracha e ele diz que esse patinho sempre foi dele, e também na cena que ele vê sua mãe consolando Mark. Talvez por isso que com a chegada de Mark suas maldades começam a aumentar. Ele procurava sempre uma forma de todos acharem que Mark estava louco.
Dizem que psicopatas não têm motivo nenhum para matar. No meu ponto de vista não vejo dessa forma, se pensarmos assim acreditaremos sempre que não tem cura e continuaremos a tratar pessoas com doenças psicológicas apenas com remédios, sem entender a causa. Henry sempre deve ter sido um garoto egoísta e possessivo e alguns acontecimentos levaram com que essas características fizessem dele um psicopata. Talvez se seus pais tivessem percebido isso no começo, ele não tivesse feito tantas maldades.
Enfim o roteiro do filme é todo muito bom e cheio de suspense, dessa forma o final não poderia ser diferente e até angustiante, vê uma mãe tendo que decidir entre a vida de um filho que tentou matá-la e de um sobrinho que tentou salvá-la e para piorar ainda a decisão cruel essa mãe já tinha sentindo a dor de perder um filho e, por pior que fosse Henry, ele era seu filho... Mark no fim se pergunta: será que se ela pudesse voltar atrás teria tomado a mesma decisão? Essa para mim é a grande questão do filme, mas o fato é que nunca podemos voltar atrás e temos que viver para sempre com nossas escolhas. 



04 março, 2013

Refém do Silêncio (Elaynne)


Pra um filme que entrou na lista por engano, até que foi um engano que valeu a pena.
A forma como o filme se desenvolve no início, com várias histórias aparentemente separadas e sem ligação alguma, nos deixa intrigados. Nós nos perguntamos como aquele assalto anos atrás, aquela garota com problemas mentais e os assassinatos podem ter alguma ligação. E, com o desenrolar da história, vemos a ligação dos fatos.
Dizem que nada acontece por acaso. Esta frase se aplica ao fato de o Dr. Conrad ter sido escolhido pelo seu amigo para tratar da jovem Elisabeth Burrows. Poderíamos acreditar que ele foi escolhido apenas pelo fato de ser um excelente psiquiatra, referência em sua área, um dos melhores, pra falar a verdade. E este foi mesmo um dos motivos. Mas havia um motivo a mais pro Dr. Louis ter indicado o Dr. Conrad: para salvar sua namorada, que estava refém dos assaltantes.
Em seu primeiro encontro com Elisabeth, parece que o Dr. Conrad não teria muito sucesso. No mínimo, ele sabia que aquele seria um dos casos mais difíceis que ele havia enfrentado, e precisaria de muito tempo para descobrir qual o real problema de Elizabeth, e mais tempo ainda para poder ajuda-la. Ele só não imaginava que não teria esse tempo e que, no dia seguinte, sua vida mudaria e ele teria que trabalhar como nunca para solucionar aquele caso.
Eu não queria estar na pele do Dr. Conrad. Apesar de ele ser um médico excelente, a pressão que ele sofreu para solucionar aquele caso no tempo exigido pelos assaltantes poderia tirar toda a sua concentração e atrapalhar seu planejamento. Só que, quando se está com a família em perigo, ou quando somos expostos a situações de pressão extrema, geralmente conseguimos extrair o nosso melhor, conseguimos fazer coisas que jamais imaginávamos possíveis. Foi o que aconteceu com o Dr. Conrad.
E sobre Elisabeth? Uma garota que, no primeiro contato, faz de tudo para que o médico psiquiatra desista, para que ele dê outro diagnóstico diferente dos que ela já havia recebido, e desse a oportunidade de ela fugir mais uma vez, se esconder e continuar sua vida de fuga dos assaltantes. Sorte dela que se seu plano não deu certo, e o Dr. Conrad não desistiu.
E aí percebemos que, por trás de um problema psicológico, pelo menos da maioria deles, há um fato, um trauma, um acontecimento forte em algum momento da vida, que gerou o problema. E o que muitos médicos fizeram por muito tempo, e alguns ainda fazem, é atacar apenas os efeitos do trauma, não a causa. E assim, uma pessoa que, aparentemente possui problemas psicológicos, acaba tendo outros problemas do tipo, e até problemas físicos, de dependência de drogas farmacêuticas e tratamentos desumanos, mas que nunca farão esta pessoa ficar curada.
O Dr. Conrad conseguiu, no fim das contas, curar o problema de Elisabeth que, desde o início, ele acreditava não ser nenhum. Soube de imediato que ela conseguia simular muito bem, só não sabia o motivo. Mas graças à "ajuda" dos assaltantes, ele soube ir atrás do problema original, do trauma anterior que fez com que Elizabeth se tornasse a pessoa que era. Ele não foi atrás do comum, do que os outros médicos que conheceram Elizabeth fizeram. Ele foi além.
Ele teve que contar a verdade para poder conseguir a ajuda de Elizabeth. Foi preciso deixar bem claro para ela qual a situação, como sua filha havia sido feita refém, e que só com a ajuda de Elizabeth, ele conseguiria salva-la. E foi assim, com sinceridade e franqueza que ele conseguiu se ajudar, ajudando Elizabeth. Claro que foi preciso mudar os planos no meio do caminho, se impor em um certo momento. Encarar seu próprio trauma atual, e levar Elizabeth a encarar seu próprio trauma. 
Foi levando Elisabeth de volta ao passado que ele conseguiu garantir a ela um futuro. A ela e a sua família. Muitas vezes precisamos fazer isso. Se não superarmos o passado, ele nos atormenta e nos impede de viver o presente e ver o futuro. É preciso coragem para superar os traumas. Às vezes você consegue isso sozinho. Às vezes, contar com a ajuda de alguém, e ver a possibilidade de ajudar os outros, é um meio de conseguir esta coragem. Superar medos e traumas do passado pode não apagar o que aconteceu, mas pode garantir que os fantasmas não nos assombrem por toda a vida. Tenho certeza de que Elizabeth entendeu isto. 


17 fevereiro, 2013

Maverick (Carlos)


Maverick é uma comedia inteligente e muito diferente do que vemos atualmente. Ele usa um humor sarcástico e um anti-herói irônico. Falando nele, Mel Gibson está surpreendente nesse filme, ao assistir você consegue perceber sempre a sua ironia e ri de tudo.
Logo na cena do começo você fica se perguntando como Bret Maverick conseguiria escapar daquela situação e chega ate a pensar que aquilo é o fim do filme, e ele sempre surpreende você de uma forma incrível, não só o personagem como o filme. Quando você acha que já sabe de tudo acontece algo que você nem imagina. 
O diretor soube controlar bem esse jogo de suspense que deixa você preso ao filme até o fim.
A dupla Annabelle e  Maverick foi perfeita o tempo todo, o jogo entre eles, de amor e mentiras, surpreende a gente e nos faz rir e torcer ao mesmo tempo. Você não sabe quem vai se sair melhor. Outra dupla que também foi perfeita foi Maverick e Cooper, a sintonia entre eles era ótima, sem contar que souberam esconder bem o fato de serem pai e filho. No fim o ditado "tal pai e tal filho" cai muito bem.
O filme fala de um super campeonato de pocker, e Maverick faz de tudo para conseguir o restante do dinheiro que falta. No meio de sua aventuras ele enfrenta ladrões, índios de mentira e de verdade, assassinos... e passa por tudo com seu jogo de cintura, mentiras, blefes, trapaças, cinismo e um pouco de sorte... Todas as características que um bom jogador de pocker tem que ter. Maverick leva para sua vida o que aprendeu nas mesas de carteado e talvez seja isso o fator principal do seu sucesso no campeonato e na vida.
No carteado também ele aprendeu a estudar a reação das pessoas e com isso ele conseguia perceber quando alguém estava mentindo (blefando), outro fator diferencial. Seria interessante que todos soubéssemos um pouco de poker, mas claro que não para enganar mas sim para perceber quando estávamos sendo enganados, rsrsrsrsrs.
Para finalizar, Maverick é realmente um filme perfeito para assistir num fim de tarde, um filme que mescla bem aventura, romance e comédia, com uma boa ambientação, com grande direção e um grande elenco, cheio de surpresas e que prende você na cadeira ate o fim.



02 fevereiro, 2013

A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (Elaynne)




Mais um da parceria Jhonny Depp e Tim Burton. Uma dupla que, particularmente, me agrada. Sempre gostei dos filmes onde os dois estão envolvidos, e este não é diferente.
Um dos motivos é o estilo Tim Burton, com seus cenários cinzentos, de inverno, melancólicos. Ele sabe criar o ambiente perfeito para as histórias de seus filmes. E atualmente, ele é o principal diretor de filmes chamados de terror, mas terror mesmo, como os clássicos de antigamente.  Como "A lenda do cavaleiro sem cabeça".
É a verdade, mas não é o que os nossos olhos vêem, foi o que disse Crane para Katrina, enquanto lhe mostrava o pequeno brinquedo onde de um lado havia um pássaro e do outro, uma gaiola. E não é que é verdade? Nossos olhos e nosso cérebro costumam nos pregar peças de vez em quando, com ilusões, percepções e, porque não, visões. Visões do além, de outro mundo. Coisas além da realidade.
O problema é que, no caso do filme, o que eles estavam vendo era a realidade, por mais absurda que pudesse parecer. Um fantasma bem real, um ser com espírito de morte e destruição, sem alma, retirado do mundo dos mortos para tirar mais vidas. Um cavaleiro que, quando vivo, sentia prazer em matar os outros e, agora que estava morto, não tinha mudado em nada.
Mas Crane viu o fantasma, bem real, bem na sua frente. Não dava mais pra duvidar. O fantasma do cavaleiro hesseno era verdadeiro, e era quem estava matando as pessoas cuja morte Ichabod foi enviado à investigar. Bem, o assassino ele já tinha, mas a causa, isso ainda precisava buscar. E assim, Crane enfrentou seus medos e terror após ver o fantasma do cavaleiro, e decidiu reiniciar suas investigações.
O que nos leva ao motivo dos crimes; desejo de vingança, ódio, rancor. Sentimentos guardados em uma pessoa desde que era criança, contra aqueles que expulsaram sua família de sua pequena casa (os Van Tassel) e contra aqueles que foram viver na casa (os Van Garret). Uma vingança que começou vinte anos antes dos assassinatos, quando a então criança Lady Van Tassel vislumbrou, na morte do cavaleiro hesseno, uma forma de destruir a vida daqueles que haviam destruído a sua.
Como diria Chaves, “a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena”. Foi exatamente isso que o desejo de vingança provocou em Lady Van Tassel: de tanto pensar em destruir a vida de outras pessoas, a sua alma foi morta e envenenada, ela foi capaz de matar uma mulher para tomar seu lugar ao lado do marido, matar uma família inteira, e depois, foi preciso matar muitas outras pessoas para encobrir o que tinha feito. Como disse Ichabod, morte atrai morte.
E ela acabou perdendo o controle, mas percebeu isso tarde demais. O mal é forte demais para ser controlado, a morte é forte demais para se brincar com ela como se fosse algo banal. E, no fim, ela provou algo mais forte do que todos os que ela mandou o cavaleiro matar: ela provou o beijo da morte do cavaleiro hesseno, e teve o seu fim pelo mesmo ser que ela usou para matar as outras pessoas.
E para Ichabod Crane, além de provar para todo mundo que o seu método científico baseado em fatos funcionava, o desafio maior foi recuperar sua crença no mundo espiritual para poder enfrentar o inimigo que se apresentou. Ele que, quando criança, perdeu sua fé ao ver sua mãe ser torturada por alguém que se escondia atrás da máscara da virtude e da religião, teve que rever seus conceitos ao dar de cara com uma criatura de outro mundo.
Se em alguns casos é preciso ver para crer, Ichabod preferiria não ter visto, não ter encarado o cavaleiro sem cabeça.  Mas, algumas coisas são verdade, quer você acredite, quer não (esta frase é de outro filme). E ele teve que acreditar, e mudar um pouco suas percepções e crenças para poder enfrentar este inimigo.
Mesmo assim, em momento algum ele abriu mão de seu método investigativo que foi, no final das contas, o que o levou até a pessoa responsável pela morte das vítimas. Um pouco de ciência, para provar seus métodos e encontrar o verdadeiro assassino, e um pouco de crença no sobrenatural, para descobrir como parar o cavaleiro sem cabeça.
Ichabod percebeu, enfim, que seu método científico não poderia provar todas as situações e fatos possíveis. Nem sempre o que os nossos olhos vêem é a verdade, mas em alguns casos, por mais absurdos e impossíveis que possam parecer, estamos frente a frente com a verdade, e temos que usar de crença em outros métodos para podermos vencer nossos inimigos. Encarar a verdade foi essencial para Crane desvendar os crimes e ter sucesso em sua investigação, com ajuda do sobrenatural e do método científico.