A ideia desse blog começou com 0 livro "O Clube do Filme", de David Gilmour, onde um rapaz desinteressado da escola é convidado pelo pai (crítico de cinema) a abandonar os estudos, desde que os dois assistissem juntos a pelo menos três filmes por semana. Minha esposa (na época namorada) Elaynne me presenteou com este livro, e decidimos fazer algo parecido: assistir a um filme por semana em casa.
Fizemos uma lista inicial de 36 filmes, sendo 18 escolhidos por mim e 18 por ela. Sorteamos um filme para assistir e já indicamos qual será o seu substituto na lista. Ou seja, isso não vai acabar nunca. Eu tomei a iniciativa de comentar os dois primeiros filmes que assistimos, daí criamos o hábito de comentar cada filme que assistimos, sendo que os meus filmes são comentados pela Elaynne e os dela, por mim.
Os comentários apresentam muitos spoillers. Por isso, se você gosta de surpresas, não vai gostar de ler nossos comentários. Se pra você tanto faz, ou se já assistiu aos filmes, aposto que vai se interessar em nossos comentários, mesmo que não concorde com todos.
Espero que curtam nosso interesse por cinema. Se gostou do blog, nos ajude a divulgar.

Carlos Henrique

17 abril, 2014

Bastardos Inglórios (Carlos)

Percebe-se logo que é um clássico filme de Quentin Tarantino. Tarantino tem um jeito único de discutir seus temas que faz com que seus filmes tenham uma identidade e estilo. Assim, mesmo sem saber o diretor, você já imagina. Uma dessas características é a reunião de um grande elenco, ele consegue misturar grandes atores sem ofuscar nenhum aproveitando o melhor que cada um tem a oferecer.
Foi assim com Brad Pitt, por exemplo, que está impagável como o líder dos Bastardos. Ele mostra excelentemente uma caricatura e um cinismo tipico do seu personagem. Mélanie Laurent que foi brilhante também ao mostrar o lado sofredor e ao mesmo tempo forte e vingativo da Shosanna e principalmente Christoph Waltz (vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante) que fez o que era impossível, roubar todas as cenas em que aparecia como o nazista Hans Landa. Ele faz uma atuação tal perfeita que você, sem querer, pode até achar que ele é o herói do filme. Outra característica do diretor são as tipicas cenas de violência, principalmente as cenas dos Bastardos Inglórios em atuação.
O filme trata da 2ª Guerra Mundial, época em que a França está ocupada pelos nazistas. O tenente Aldo Raine (Brad Pitt) é o encarregado de reunir um pelotão de soldados de origem judaica conhecido por seus inimigos como Os Bastardos, com o objetivo de realizar uma missão suicida contra os alemães. O objetivo é matar o maior número possível de nazistas, da forma mais cruel possível.
Paralelamente Shosanna Dreyfuss (Mélanie Laurent) assiste a execução de sua família pelas mãos do coronel Hans Landa (Christoph Waltz), o que faz com que fuja para Paris. Lá ela se disfarça como operadora e dona de um cinema local, enquanto planeja um meio de se vingar. E os destinos de todos convergem para esse cinema 
 Olhando esse enrendo pode se fazer uma conclusão precipitada de que é mais uma filme de guerra como todos outros. Porém, como já disse, quando se fala de Tarantino nada é igual aos outros. Ele faz uma caricatura inteligentíssima desse cenário, o que as vezes chega até ser divertido, pois mostra estereótipos conhecidos como os nazistas engomadinhos, a atriz francesa, o americano bruto, o inglês educado...
Outra coisa que vale a pena destacar é o uso dos idiomas locais para personagens de nacionalidades diferentes. Isso mostra que seu diretor respeita a inteligência de seu público e não nos faz pensar que todos sabem falar inglês ( isso é até raro de se ver nos filmes).
O filme realmente é brilhante e no meu ponto vista conseguiu passar exatamente o que o diretor quis mostrar. A cena final no cinema foi muito bem bolada, principalmente a do nazista com a Shosanna. Essa cena mostra um suspense que você as vezes acha que os dois vão ceder e acabar se entregando um ao outro e no fim acontece exatamente o contrário, sem contar os cortes de cena entre o filme que está sendo passado e o que está acontecendo na realidade. Méritos novamente para o diretor e para os atores.


16 março, 2014

O Leitor (Elaynne)

Quando você consegue fazer um filme onde um dos temas abordados é a literatura, as chances de sair um
bom filme são grandes.
Este é o caso.
Tem um enredo baseado em uma boa ideia, que foi bem desenvolvida. 
Por vivermos em um país onde muitas pessoas aprenderam a "desenhar" o nome, e não sabem diferenciar uma letra da outra, sabemos bem o valor que tem a educação, e como o simples fato de ser alfabetizado (o que para muitos é uma coisa banal) faz a diferença em todas as etapas da nossa vida. Ocorre que, com o passar do tempo e dos estudos, valorizamos mais o conhecimento específico que adquirimos, e esquecemos que tudo começou em uma sala de alfabetização.
E aí, O LEITOR nos apresenta Hanna Schmitz, uma mulher solitária, de poucas palavras, misteriosa. Com estas características, Hanna encantou e seduziu o jovem Michael Berg, mesmo que não tivesse a intenção de fazê-lo. Ela o seduziu e se deixou seduzir. Aos poucos viu-se envolvida em um romance forte com um garoto que tinha apenas metade da sua idade.
A questão é que este jovem tinha uma certa habilidade que Hanna não possuía, e que sentia falta. Era algo tão constrangedor para ela, que nunca foi revelado. Ela preferiu assumir a culpa por algo que não fez a confessar diante de uma multidão que não sabia ler ou escrever, que era analfabeta.
A história de amor entre os dois é até bonita. Especialmente durante a viagem de bicicleta que fizeram, podemos perceber como os dois estão felizes ao lado um do outro, como estão enamorados, apaixonados. É um momento daqueles que dá vontade de durar pela eternidade, uma fuga da realidade dos outros, a criação de uma realidade só deles, onde ninguém interfere. Quem já se apaixonou e foi correspondido sabe como é. 
Mas, como aquela vida não era a realidade, um certo dia aquele casal se desfez, quando Hanna desaparece sem deixar notícias. A vida aparentemente segue para Michael, o garoto, que conclui seus estudos e vai para a universidade, cursar Direito. 
Durante seu curso, em uma aula prática, em que um grupo de alunos é convidado a assistir ao julgamento de mulheres acusadas de matar e levar à morte judeus durante a guerra, Michael vê seu amor de adolescente no banco dos réus. Aquela mulher misteriosa, de quem muito pouco se sabia, era acusada de liderar um grupo que levou vários judeus à execução.
Na minha opinião, se o filme se encerrasse com o fim do julgamento, já seria um grande filme. É nesta hora que Michael tem a chance de retribuir o que Hanna fez por ele alguns anos antes, quando o encontrou doente em um beco e cuidou dele. Pode-se dizer que Hanna salvou a vida de Michael, e agora ele teria a oportunidade de fazer o mesmo. Porque mais uma vez a vergonha de confessar o analfabetismo prejudicou Hanna, e ela assumiu a autoria de uma carta cujo autor confessava ter aprisionado judeus dentro de uma igreja em chamas. Ela assumiu este crime, para não assumir sua falta de estudos.
Michael passou por um dilema moral muito forte. No caso dele, a única razão que se pode buscar para ele não interferir no julgamento seria a vergonha de assumir, diante de professores e amigos, que teve um caso com uma mulher muito mais velha e que, para piorar, trabalhou para os nazistas. Ele preferiu se omitir, preferiu não usar a informação que tinha e que poderia salvar uma vida. Por orgulho, preferiu ver a mulher a quem um dia amou ser condenada à prisão perpétua.
Como disse, pra mim o filme poderia terminar aí que já seria um ótimo filme. Mas a história continua, e Michael, já mais velho, entende que não pode remediar seu ato, mas pode fazer algo por Hanna. Algo que significasse muito para ela. E passa a gravar em fitas os livros que lia para ela quando estavam juntos. 
Percebemos, então, que Hanna é uma mulher mais determinada e forte do que imaginávamos, pois com estas fitas em mãos, ela aluga os livros correspondentes na biblioteca da prisão e aprende a ler e escrever. Ela, que poderia estar resignada, esperando a morte chegar na cadeia, encontra um motivo para continuar.
A vida não é diferente. Por mais que estejamos perdidos, sem saber que rumo tomar, devemos acreditar que sempre há um bom motivo para permanecer lutando. Podemos até pensar que estamos perdidos, pensando em jogar a toalha. Mas a vida sempre tem algo a nos oferecer de bom. Há pessoas incríveis, há sentimentos bons, e se tivermos a sabedoria para olhar no lugar certo, encontraremos motivos para lutar até o fim, não desistir.
Também, na outra ponta, sempre podemos fazer algo de bom pelas pessoas. Mesmo que tenhamos decepcionado esta pessoa em determinado momento, mesmo que tenhamos feito algo que nos envergonha, mesmo que carreguemos a culpa por uma ação ruim que fizemos, temos a opção de mudar nossas ações, enfrentar nossos erros e fazer o que é certo.
Dizer que não dá mais tempo é só uma desculpa. Sempre é tempo de se fazer a coisa certa por alguém.  Imagina como teria sido a vida de Hanna na prisão, sem as fitas de Michael? O fim que levou certamente teria acontecido bem mais cedo. Mesmo não livrando Hanna da prisão, Michael vez com que seus dias lá dentro fossem um pouco melhores. E os dias de Michael foram melhores por conta disto, também.


17 fevereiro, 2014

O morro dos ventos uivantes (Carlos)

Eu esperava mais do filme, afinal sempre ouvi falar muito dele e acho que fui com muita expectativa. Não que o filme seja ruim, mas é muito cansativo, deixa a desejar em algumas coisas e sinceramente pelo filme não senti vontade nenhuma de ler o livro, porém espero sinceramente que o livro seja melhor e apenas a adaptação tenha sido ruim.
"O morro dos ventos uivantes"  fala de um amor impossível entre Catherine Earnshaw e o cigano Heathcliff, que foi trazido pelo pai de Catherine e criado como seu irmão. Porém essa proteção gera ciúme de Hindley Earnshaw, seu irmão verdadeiro que, após a morte do pai, faz de Heathcliff seu empregado e o trata com desprezo e crueldade.
O tema central desse filme talvez seja o mundo das paixões obsessivas e em particular a de Heathcliff que, depois do casamento de sua amada, foge e junta dinheiro apenas com um objetivo: voltar e buscar a vingança, fazer com que todos sofram. Para isso não mede esforços e não é capaz de poupar ninguém e isso o deixa cego a tão ponto de não ver o amor de Catherine por ele.
No meu ponto de vista o que Heathcliff sentia não era amor, pois vendo o conceito de amor em I Coríntios 13: 


"O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 1 Coríntios 13:4-7"

O amor não geraria esse desejo de vingança e nem essas maldades, pois ele é sofredor, porém mesmo sofrendo não deseja o mal, não se irrita, não busca seus interesses. Como disse no começo, é uma paixão desmedida.
Mas se uma coisa tem que ser elogiada nesse filme foi a atuação de Heathcliff, ele conseguiu transmitir toda a angústia e pertubação do seu personagem, o que não pode-se ver muito em Catherine.
Por fim acho que por essas e outras que o filme, apesar de ter sido indicado a oito Oscar, incluindo o de melhor filme do ano, levou somente a estatueta de melhor fotografia em preto-e-branco.
Bati o recorde de menor comentário rsrsrsrs, porém acho que o sono ajudou também.


03 janeiro, 2014

Psicose (Elaynne)

Um filme não é considerado um clássico a toa. E não é a toa que Psicose está, em muitas listas, entre os 10 ou 20 melhores filmes da história do cinema. Também não é por acaso que é considerado a obra prima do diretor Alfred Hitchcock.
Quando vi que o filme é em preto e branco, até estranhei, porque no ano em que foi feito, o cinema colorido já estava bem presente. Mas, pesquisando um pouco, descobri que foi por escolha do próprio diretor, que acreditava que, filmado em cores, as cenas de assassinato ficariam mais violentas. E, já que foi feito em preto e branco, foi possível utilizar calda de chocolate como sangue na cena do chuveiro.
Falando nesta cena... Se alguns dizem que este filme está entre os dez ou vinte melhores da história, aquela cena do chuveiro eu diria que está entre as cinco mais famosas da história do cinema. Sempre que se fala em suspense, em Hitchcock ou simplesmente em cinema, esta é uma das cenas que vêm à mente. 
Como eu disse no começo, um filme não se torna um clássico a toa. Psicose tem uma história bem contada, personagens bem interpretados e um final, para muitos, surpreendente. Se bem que eu já havia desconfiado de tudo quando a irmã de Marion, Lila Crane, junto com Sam, vão até o xerife e descobrem a verdade sobre a mãe de Norman. Mas não tira em nada o mérito da surpresa no fim da história. 
No início da história, quando Marion rouba os quarenta mil dólares, eu acreditei que o filme seria sobre sua fuga, e o medo de ser descoberta, que geraria nela uma paranoia, ou uma psicose. Acreditei nisso mais ainda, quando ela está no meio da estrada e é parada por um guarda, e este guarda a segue até a loja onde ela troca de carro, quase esquecendo sua mala por lá.
Só que aí vem a famosa cena do chuveiro, e tudo muda. Nesta parte, parece até que os acontecimentos não fazem muito sentido, principalmente para quem, assim como eu, imaginava que Marion seria a personagem central da trama. A partir desta cena, aos poucos, começamos a entender de qual Psicose o título do filme trata. Quem era, realmente, o psicótico da história.
Ou não. Porque, também neste momento, entra uma personagem obscura, desconhecida, e em nenhum momento esta personagem revela seu rosto: a mãe de Norman. Primeiro, no chuveiro com Marion. Mais tarde, na sua casa, com o detetive Arbogast. Aí sim temos a certeza: a Psicose do título do filme é da mãe de Norman.
E, pela excelente trama e forma como o enredo se desenvolve, ao fim do filme percebemos que nos enganamos mais uma vez. Somente no final descobrimos que, durante a maior parte do filme, o psicótico estava diretamente participando da história, aparentemente tentando encobrir os crimes da mãe. Trata-se do recepcionista do hotel de estrada, Norman Bates.
Mas sua psicose não se tratava simplesmente de esconder os crimes da mãe. Era algo bem mais sério, bem mais profundo. Norman, em determinados momentos, acreditava ser uma pessoa que não existia mais. Acreditava ao ponto de conversar com esta pessoa, que era ele mesmo, ou melhor, uma outra pessoa dentro dele, uma segunda personalidade.
O maior problema para Norman é que esta segunda personalidade o estava dominando. Estava tomando conta do próprio Norman, e o levando a fazer coisas que ele não faria em sua personalidade normal. Tratava-se de um caso realmente raro, em que dificilmente Norman poderia ser responsabilizado pelos atos que sua outra personalidade fazia. Este é um caso típico onde o réu não pode ter a culpa imputada a si mesmo, visto estar fora de si. A única solução para Norman seria um sanatório, ou manicômio.
Se o diretor teve mesmo que hipotecar sua casa para conseguir os recursos com os quais gravaria Psicose, é algo que só saberemos ao assistir ao filme Hitchcock, recém lançado com o incrível Anthony Hopkins. Mas, se ele realmente fez isso, valeu a pena. Foi um filme relativamente barato, e que teve uma arrecadação muito superior. Certamente, sua bilheteria deu pra pagar de volta a hipoteca, que foi uma das hipotecas mais rentáveis da história. Valeu a pena. Só não valeu a pena, para Marion, ter levado os 40 mil dólares da empresa onde trabalhava. 


03 dezembro, 2013

Conta Comigo (Carlos)

Conta Comigo é estilo "Os Goonies", aquele filme tipico de adolescente e que marcou uma época. Sorte a nossa que vivemos nessa fase, hoje em dia faltam filmes assim, feitos para crianças e adolescentes, com essa inocência e mensagem positiva.

Conta Comigo traz a historia de 4 adolescentes e fala de uma amizade como a que Gordie diz no final: "não existe amizade como as dos doze anos". Esse é o grande tema do filme, uma verdadeira aula sobre amizade.
Temos 4 adolescentes com personalidades bem distintas. Primeiro temos Chris, um rebelde, o introspectivo Gordie, o explosivo e porque não dizer meio doido Teddy e o medroso e inseguro Vern.
Esses quatro decidem seguir numa aventura achar o corpo de um rapaz, para isso eles tem horas de caminhadas numa floresta e é nesse momento que eles, que já eram grandes amigos, começam realmente a se descobrir e precisar mais um do outro, desta forma eles vivem grandes alegrias, tristezas e enfrentam seus medos sempre contando com a ajuda do outro.
Uma cena que me chamou muita atenção foi o dialogo entre Gordie e Chris, onde percebemos como Chris, apesar de ser considerado pela sociedade o pior do grupo, na verdade se torna o lider desse grupo não de uma forma autoritária, de uma forma paternal, e dessa forma ele diz ao Gordie “ Crianças desperdiçam tudo, se ninguém cuida delas, por isso tô aqui para cuidar de você”. Ele age como se fosse o pai de Gordie, pois percebemos durante o filme que os pais dele “não existiam”, viviam na sombra do seu irmão que morreu e esqueceram seu filho que estava vivo. E Chris foi muito feliz ao falar isso, as crianças precisam de alguém que tomem de conta delas, acho que todo pai ou mãe deveria ouvir isso e ficar se repetindo sempre.
O que achei interessante foi que, lendo sobre o filme, descobri que Stephen King fez o conto “The Body” no qual o filme foi adaptado, baseado numa experiencia que teve aos 12 anos quando voltava para casa com um amigo. Durante a caminhada pelas áreas florestais de Maine, encontrou um cadáver de um rapaz da região, além disso Gordie, assim como ele, se tornaram escritor e desde criança tinham a fama de escrever estórias surreais como aquela clássica do menino gordo. Seu irmão morreu de acidente de carro e ele ainda assume o banho dos sanguessugas, rsrsrsrs. Podemos ate considerar que é uma especie de autobiografia da sua infância.
Por fim, Stephen King consegue mostrar para gente que o olhar dos outros pode influenciar e muito nossas escolhas, mas que o nosso destino só depende da gente. Percebemos isso vendo o fim de Gordie, um grande escritor, e Chris que, mesmo desacreditado por todos, vira um grande advogado. E claro ele também nos leva a rever os nossos amigos de infância e ficar se perguntando onde estão aqueles amigos de tantas travessuras e aventuras, afinal “ não existe amizade como as dos 12 anos”, e muitas vezes com o corre corre da vida moderna acabamos esquecendo desses grandes momentos da nossa vidas.
E para ilustrar isso tem a cena que Teddy começa a brincar de afogar seus colegas e Chris fala para ele agir de acordo com sua idade e ele sem pensar fala “ Estou agindo de acordo com minha idade. Sou jovem, e a juventude só vem uma vez em nossas vidas. Temos de aproveitá-las”. Então para que essa pressa de que as crianças cresçam antes da hora? Elas tem mais é que viver esse momento lindo e raro. E nós como adultos temos que deixar que isso aconteça, só assim elas vão crescer e ter historias para contar de sua infância.
“Nunca tive amigos como aqueles que tive aos 12 anos. Jesus, mas quem tivera?!” 


17 novembro, 2013

8 mm (Elaynne)

Não que seja um filme ruim, nada disso. É até um bom filme, com uma história diferente, que explora um assunto de certa forma proibido, que é o submundo da pornografia no cinema. Mas, não é um filme que eu incluiria na minha lista, se já tivesse assistido.
O diretor do filme, Joel Schumacher, não é também dos meus favoritos, porque quase destruiu, no cinema, a imagem de um dos meus super-heróis favoritos, o Batman, no filme Batman & Robin (até hoje considerado um dos piores da história). Se não fosse Christopher Nolan e Christian Bale... Mas, enfim. Até que se fosse apenas por este filme, não seria possível condenar o diretor. Se não é um filme brilhante, marcante, é um filme dentro dos padrões, normal. 
O personagem principal, o investigador Tom Welles, vivido por Nicolas Cage, é o tipo de pessoa que só se encontra em filmes, praticamente. Duvido muito que qualquer outra pessoa continuasse uma investigação tão complicada como aquela, caso sua vida estivesse em risco. Por mais dinheiro ou visibilidade que o sucesso da investigação trouxesse junto, no momento em que começasse a ser ameaçado, a maioria das pessoas desistiria.
Então vem a pergunta: o que leva uma pessoa a arriscar a própria vida, e da família, em nome de uma desconhecida? O compromisso com a profissão? O compromisso firmado com a pessoa que o contratou? O compromisso com a verdade? O desafio? Uma empatia com a história da vítima? Talvez, para Tom, sua motivação tenha sido um pouco de tudo isso. Não dá pra saber. O que dá pra dizer, sem dúvidas, é que Tom Welles é corajoso. E louco também. Precisava ser os dois pra fazer tudo o que ele fez.
O fato de todo o mistério ter se originado em uma família rica, influente na política, é normal. Grande parte das pessoas que têm muito dinheiro acreditam que podem tudo, que têm direito à tudo, simplesmente porque têm dinheiro. Este aspecto se torna mais relevante quando a origem do dinheiro é o povo, o público, as pessoas. Quantos políticos vemos por aí, envolvidos em escândalos com prostitutas, ou até mesmo amantes, tudo a custa do dinheiro do povo? E este tipo de político não se encontra apenas no nosso país, mas até nos países chamados de "primeiro mundo".
O caso mais emblemático talvez seja do premier italiano Silvio Berlusconni, que vez por outra surge nos noticiários envolvidos em mega festas, com prostitutas e coisas do tipo. E quem são seus convidados? Empresários e políticos, certamente. O que eles fazem nestas festas, melhor nem saber. Só não duvido nada de que aconteçam coisas tipo as mostradas neste filme. O filme retrata coisas que acontecem da forma mais secreta possível, proibidas até mesmo para quem vive no meio. Neste aspecto, qualquer semelhança com a realidade pode não ser mera coincidência.
A busca da verdade pode ser considerada, sim, o principal motivador deste filme. Primeiro, por parte da Sra. Christian, que se interessou pela vida da jovem no filme encontrado no cofre de seu marido. Aquelas cenas foram reais ou encenadas? Aquela jovem ainda estava viva, aonde, como vivia, com quem? A Sra. Christian precisava descansar tranquila, e isso só aconteceria depois que soubesse toda a verdade.
E o investigador Tom conseguiu chegar até o fim, e descobrir tudo. A Sra. Christian não suportou saber a verdade, mas cumpriu com sua parte no contrato, e foi além, ajudando também a mãe da jovem Mary Ann, a Sra. Janet, que ainda tinha esperanças de reencontrar a filha desaparecida. A própria Sra. Janet, quando soube da verdade, suportou a dor da forma que pôde. Ela mesma disse que gostaria de saber a verdade, por mais dura que fosse.
A verdade, por mais escondida que esteja, um dia vem à tona. Seja pelas mãos e recursos de uma viúva, seja pela coragem e inteligência de um investigador policial, ou ainda pela colaboração e amizade de um vendedor de material pornográfico. Não há nada coberto que não venha a ser descoberto. Os responsáveis pelo filme no cofre do senador descobriram isto, da pior forma possível. A verdade pode machucar, magoar, mas nunca é prejudicial. É sempre benéfica.



23 julho, 2013

O Som do Coração (Carlos)

O filme tem uma ideia muito legal e a estória é muito interessante. Começando por Evan Taylor, uma criança especial, não digo nem pelo fato dele conseguir ouvir todos os sons, mas sim por ele ter um sonho e ir atrás deste sonho, apesar de tudo parecer improvável. Na sua entrevista com o assistente social percebemos isso. Ao ser questionado sobre o que quer ser quando crescer ele disse “encontrado”, e por causa desse sonho ele resolve seguir o som do seu coração e ir atrás dos seus pais, com a certeza que eles sempre o quiseram. Isso numa criança órfã é bem raro.
Ao fugir do orfanato ele se depara com Arthur, um garotinho tirando um som de algo que ele desconhecia, um violão. Com a curiosidade ele segue esse garoto e se depara com Mago, um homem que explora o talento desses meninos para ganhar dinheiro e, ao perceber o grande talento de Evan, vai logo tratando de mudar seu nome para não perde-lo. Agora Evan se chama August Rush e, pelo destino, vai estudar em Juilliard, uma famosa escola de música de Nova Iorque, onde ele faz uma audição brilhantemente, e acaba por escrever uma magnífica peça chamada "August's Rhapsody". Por coincidência, é a mesma escola em que sua mãe estudou musica.
Rush resolve tocar para muitas pessoas, pois sabia que seus pais podiam ouvi-lo.  Lyla, sua mãe, toma a mesma decisão: após anos sem tocar resolve se apresentar em Nova Iorque com a mesma certeza que seu filho poderia escutá-la. Louis, seu pai, resolve voltar a fazer um show com sua banda. E essa musica é que acaba unido os três.
A cena em que pai e filho se encontram na praça, sem saber quem são, é perfeita. O som que eles fazem e a grande mensagem de Louis: “Nunca desista de sua música não importa o que aconteça, pois quando algo de ruir acontecer com você, é o único lugar aonde pode fugir e esquecer!”, essa foi de arrepiar, a musica é uma grande forma de fugir da realidade, quem tem a sensibilidade de perceber isso é muito mais feliz.
Eu particularmente adoro musicas e filmes, então esse casamento foi perfeito.
Musica é um dom de Deus. Pena que hoje em dia isso está sendo muito confundido com barulhos e letras que dizem ser canções. As pessoas estão perdendo a sensibilidade de ouvir uma grande canção e ouvir com o som do coração. Como Rush disse no final  "A música é tudo o que nos rodeia. Tudo que você tem que fazer é ouvir".


19 maio, 2013

O Jardineiro Fiel (Elaynne)


Realmente, quando eu ouvia falar deste filme, nunca imaginei que se tratava de uma história tão marcante. Eu pensava ser mais um filme de romance, alguma história de amor, como muitos filmes comuns que vemos por aí. Eu nunca tive nem a curiosidade de pesquisar a respeito deste filme. Até hoje. E, por este motivo, posso dizer que este filme me surpreendeu, positivamente.
Uma história que envolve muitos aspectos, alguns deles se fazem entender apenas durante o filme. Fidelidade e traição, confiança, política, e principalmente, dinheiro e vida. Qual dos dois vale mais? Para a maioria das pessoas a resposta a esta pergunta é muito fácil. Para a maioria, não para todas. Ainda há quem acredite que, por alguns dólares a mais, qualquer atitude é justificável. 
Vou começar falando sobre a questão da confiança. Tessa e Justin eram pessoas totalmente diferentes em seu modo de ver a vida, e esta diferença se refletia no modo de agir de ambos. Justin sempre passivo, tranquilo, cumprindo seu papel sem maiores esforços. Tessa sempre explosiva, fala o que pensa, sem medo de desagradar ninguém. Ousada. E, apesar destas diferenças, ou talvez por conta destas diferenças, os dois se apaixonaram e começaram uma relação bonita, que tinha tudo para melhorar com a vinda do filho.Que não veio.
Com isso, a história tomou um rumo diferente. Tessa encontrou no Quênia um parceiro para suas ideologias, alguém que pensava semelhante a ela, o Dr. Arnold. Uma amizade que começou a incomodar muitos poderosos da região, mas também começou a incomodar o marido de Tessa. E após a morte dela, as suspeitas da infidelidade de Tessa aumentaram na mente de Justin. Certamente, no início de sua investigação, foi este o principal motivador da sua busca: saber se foi ou não traído.
E ele descobriu que havia se casado com uma mulher que o amava mais que tudo. E ele lamentou muito ter desconfiado dela em algum momento infeliz. Mas descobriu também que sua esposa não confiou nele totalmente. Não no assunto que mais ocupava sua mente e seu tempo. Apesar de Tessa ter feito isso pensando em Justin, em não envolve-lo ou comprometer seu trabalho, ela não confiou nele. Talvez, se Tessa tivesse compartilhado com seu esposo toda a sua situação e investigação, a história seria diferente.
Apesar de não ter traído seu esposo nunca, ela chegou a insinuar esta possibilidade para o melhor "amigo" do casal, tudo para atingir seu objetivo, que era de denunciar a exploração pela qual o povo do Quênia passava. Aí vem aquela velha dúvida: os fins justificam os meios? Quer dizer, ela salvaria milhões de vidas, mas se continuasse viva e fosse cumprir a promessa que fez ao amigo Sandy, seria justa com Justin, o esposo que tanto a amava? E caso ela justificasse que era por uma boa causa, não estaria de certa forma se igualando aos empresários e políticos contra os quais ela lutava? Um dilema moral que certamente tirou o sono de Tessa. Mas também que lhe deu forças para continuar com sua investigação, pois a promessa era um motivo a mais para ir com aquela história até o fim, até as últimas consequências. Eu, particularmente, não acredito que ela cumpriria sua palavra com Sandy.
O que mais me espanta neste filme é que, apesar de ser uma história de ficção, qualquer semelhança com fatos reais não é mera coincidência. Mudam as pessoas, os países envolvidos, as empresas. Mas o que acontece neste filme é apenas o retrato da realidade, com a qual não nos preocupamos tanto assim, porque nem sabemos que existe mesmo. É uma realidade distante da nossa, com a qual não temos contato, não convivemos diretamente, e acabamos, na maioria dos casos, simplesmente deixando de lado. Afinal, o que podemos fazer a respeito?
Ainda bem que há pessoas como Tessa no mundo. Pessoas que não têm medo de falar, e vão além do falar. Elas agem. E fazem o que fazem não para se promoverem, mas porque existe dentro delas uma preocupação com o ser humano, com a vida, com os semelhantes. Tessa é o tipo de pessoa que faz a diferença onde está, e tem consciência de que suas atitudes podem mudar a vida das pessoas. E mesmo que tudo o que ela fizesse só ajudasse uma pessoa, ainda assim, valeria a pena. "Não podemos ajudar todo mundo", disse Justin. "Não podemos. Mas ali tem duas pessoas que podemos ajudar agora", respondeu Tessa. Esta lição foi aprendida por Justin mais tarde. É uma lição que já devia estar internalizada na mente de todo ser humano.
Quem dera houvesse no mundo pessoas tão engajadas como Tessa. Certamente viveríamos em um mundo menos injusto e mais participativo. Um mundo onde todos os seres humanos se tratassem como iguais. E aqueles que se vissem superiores, melhores, donos da verdade, simplesmente por terem um poder financeiro superior, estes seriam julgados não pelo que têm, mas pelo que fazem. E seriam condenados por uma sociedade justa. Seria assim, ou pelo menos parecido com isso, se Tessa não fosse um personagem de ficção, mas alguém real, e que fosse imitada por milhares de pessoas ao redor do mundo.
Mas, como eu disse antes, este filme não é diferente da realidade. E o fim de Tessa foi igual ao fim de muitos corajosos que abrem sua boca, falam o que deve ser falado, com coragem de enfrentar os poderosos. Só que, estas pessoas têm a vida abreviada porque são poucas. Se fossem em maior número, assim que uma morresse outra se levantaria e continuaria seu trabalho. Mas o medo é maior, e as pessoas preferem ficar caladas, ou no máximo trabalhando em segredo, às escondidas, esperando que um outro corajoso apareça e faça o que ninguém mais tem coragem. Quando todos os justos se calarem, até as pedras clamarão! Vai chegar o tempo em que será preciso ouvir as pedras clamarem, e será breve.
Um dia também, eu espero, o mundo não será mais escravo do dinheiro. Quando este dia chegar, empresas farmacêuticas como a da história não poderão mais fazer o que fazem. Não terão mais lucros bilionários à custa da vida de milhares de inocentes, pois a vida de qualquer ser humano será mais valiosa que qualquer lucro que qualquer empresa seja capaz de produzir. É a desvirtuação dos valores que torna possível que coisas como a que aconteceram neste filme sejam realidades. E apesar de que estas realidades estejam distantes de nós, elas nos atingem. 
Não estamos livres da situação de vítima da mesma escravidão (do poder financeiro), e também não estamos isentos da nossa parcela de culpa, por nos calarmos e cruzarmos nossos braços. Uma frase que ouvi no curso "Educadores Sociais", que marcou e até hoje me lembro: "Quando vemos um forte dominando um fraco e não tomamos o lado de nenhum dos dois, já escolhemos o nosso". Tessa acreditava nisto. E foi fiel àquilo que acreditava até o fim. E mesmo depois, conseguiu contagiar seu esposo Justin com sua sede de justiça. "Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão fartos".


15 abril, 2013

O resgate do soldado Ryan (Carlos)


Tenho que concordar com muitos... é um dos melhores filmes de guerra já produzidos. Primeiro porque ele retrata perfeitamente todas as cenas, e segundo porque  ele mostra um lado humanístico e solidário da guerra. Timothy Upham diz a um soldado que está escrevendo (essa parte não me lembro bem) sobre as relações humanas entre os soldados. Ele não poderia ter tido experiencia melhor para isso.
O filme destaca a Batalha da Normandia durante a Segunda Guerra Mundial. Logo de cara nos mostra uma cena de guerra como poucas que vemos, o ataque na praia de Omaha. Essa cena nos prende e nos leva a crer que estamos vendo uma guerra de verdade, o sangue no mar, os soldados sendo baleados dentro do mar, as mortes... foi tudo uma aula de direção e fotografia, não é a toa que essa cena foi votada a "melhor cena de batalha de todos os tempos" pela revista Empire, além de ter sido classificada na primeira posição da lista do TV Guide dos "50 Maiores Momentos do Cinema".
Uma coisa interessante que descobri sobre o filme é que Rodat resolveu escrever a história apos ver um monumento dedicado a quatro filhos de Agnes Allison mortos na Guerra Civil Americana. Isso faz com que a historia seja ainda mais real. Porém ao fazer o filme ele resolve dar um final diferente a essa realidade.
O chefe ao perceber que 3 irmãos Ryan morreram no combate e um quarto ainda pode estar vivo em algum lugar da França resolve mandar o Capitão John H. Miller e sete homens em uma missão de resgate a este único soldado. Todos os soldados chamados para essa missão ficam se perguntando porque a vida desse rapaz vale mais que a deles oito, como até se é questionado no filme, todos eles têm uma mãe para chorar por eles.
E esse talvez seja o grande embate do filme. A cada morte de um do grupo as dúvidas aumentam. Finalmente, depois de vários contra-tempos, eles encontram Ryan vivo, junto com outros sobreviventes. Aí vem o ápice do filme. Ao ser informado da morte dos irmãos, Ryan se recusa a abandonar seu posto, e dá uma verdadeira aula de solidariedade e companheirismo, pois qualquer um queria estar no lugar dele e sair daquele inferno e ir para sua casa.
Ele ganhou esse presente e se recusou, pois sua missão era proteger aquela ponte junto com seus irmãos, como ele mesmo fala. Miller se vê num dilema: ir embora para sua casa com a a missão incompleta e talvez ficar se pensando o resto de sua vida na vida daquele rapaz, ou ficar e ajudar os soldados a guardar a ponte frente a um iminente ataque alemão.
Demostrando mais uma vez a solidariedade dos soldados ele fica e comanda aquela defesa, sempre buscando proteger Ryan. No fim, a grande frase que fica para Ryan é "Faça por merecer". Ryan fica sempre com essa frase na cabeça e tentando fazer sempre o melhor para  fazer por merecer todas aquelas mortes para salvar a dele. Essa é grande lição do filme. Acho que todos nós deveríamos sempre pensar assim para podermos sempre fazer o bem, é claro que não foram muitos pessoas que morreram para nos salvar, porem Cristo fez isso a muitos anos atras e por isso temos que agradecer todos os dias e pensar nessa frase "Faça por merecer".



30 março, 2013

Pulp Fiction - Tempo de Violência (Elaynne)


Até hoje eu conhecia Quentin Tarantino por filmes como Kill Bill e Sin City (onde dirigiu algumas
cenas). Filmes violentos, brutais, e que exageram nas cenas de lutas, principalmente quando há sangue envolvido. Tarantino demonstra nestes dois filmes que valoriza o exagero, de forma a reduzir o impacto da violência nas cenas. Todo aquele sangue que jorra de partes do corpo cortadas desfazem a "realidade" da coisa, sem no entanto diminuir o prestígio das cenas.
Então, com a experiência destes filmes que citei, sempre quis assistir Pulp Fiction. É um filme que estaria na minha lista, com certeza, mais por curiosidade que por qualquer outra coisa. Um filme de Quentin Tarantino com "violência" no nome deve ser o mais sanguinário de todos, era o que eu acreditava. E, bem... não é bem assim. Nada daqueles rios de sangue.
Claro que este detalhe não diminui a qualidade do filme em nada. É um filme muito bom, não a toa ganhou um Oscar pelo roteiro. A forma como a história é desenvolvida e narrada é diferente. O filme começa em um determinado dia, avança, depois retorna do ponto onde parou, só que por outro ponto de vista. É o que faz o roteiro ser diferente e realmente original. Não dá nem pra dizer que há um personagem principal na história. Isto depende muito de qual parte do filme você assiste.
Se pega o início do filme, dá pra dizer que o personagem principal é Vincent (John Travolta), junto com Mia (Uma Thurman). Se assiste o meio do filme, o personagem mais relevante é o boxeador Butch (Bruce Willis). Mais à frente a história valoriza o personagem Jules (Samuel L. Jackson). E cada parte forma uma história de certa forma interdependentes. Daria pra fazer três filmes diferentes de cada personagem, ou mais filmes ainda, dependendo de qual personagem escolher. E este é um dos motivos pelo qual este filme faz tanto sucesso. 
Um dos fatos que mais me chamou a atenção neste filme é a diferença de personalidade entre os dois assassinos, Vincent e Jules. Em alguns instantes parece até que eles vão se matar, ou iniciar um tiroteio, e por discussões banais, por teimosia dos dois. São diferentes, têm pontos de vista diferentes sobre a vida que levam, mas acima de tudo são parceiros. Com todas as brigas e discussões, eles confiam um no outro. Sabem que podem contar um com o outro quando for preciso, mesmo que não concordem com o pensamento do outro. Isto se chama confiança, qualidade difícil de se encontrar, mas que pode existir até mesmo entre criminosos.
E o que dizer de Jules? O cara é uma figura! Como pode um assassino viver citando a Bíblia, mesmo que sempre o mesmo trecho? Acontece que ele é um assassino que tem fé, mais uma qualidade rara de se ver, mesmo entre pessoas "normais". Um cara que convive com a morte quase que diariamente, de repente se dá conta de que a vida pode ter algo mais a oferecer a ele. E que ele pode ter algo mais à oferecer à vida dele e das pessoas. A partir daí ele tenta compreender realmente o texto bíblico que ele já tinha decorado:
"O caminho do homem justo é rodeado por todos os lados pelas desigualdades do egoísmo e da tirania dos homens maus. Bem-aventurado aquele que, em nome da caridade e da boa vontade, pastoreia os fracos pelo vale das trevas, pois ele é verdadeiramente o guardião do seu irmão e o descobridor das crianças perdidas. E derrubarei sobre ti, com grande vingança e furiosa raiva, aqueles que tentam envenenar e destruir meus irmãos. E você saberá que o meu nome é Senhor quando eu derramar minha vingança sobre você.
Pra dizer a verdade, o texto de Ezequiel 25:17 é apenas a parte sublinhada. O início foi criado por Tarantino ou por Samuel L. Jackson, vai saber. O importante é que, de tanto repetir este texto, Jules percebeu que tudo o que dizia fazia algum sentido. Só faltava descobrir que sentido era esse. E, se é preciso um milagre para um criminoso mudar de vida, este milagre aconteceu, pelo menos no entendimento de Jules. 
E milagres são assim. Quem os presencia sente algo mudar dentro de si. Pode ser a pior das pessoas, ou aquela que acredita ser a melhor. Aquele que acredita estar vivo ou saudável por um milagre não quer guardar isto para si. Quer compartilhar, mostrar ao mundo que ter fé vale a pena. Eu falo até mesmo por mim. Vivi um milagre e, por isso, não espero mais por outro. Espero, sim, poder ajudar as pessoas a terem fé suficiente para viverem seu próprio milagre, ou a terem seus olhos abertos para que percebam que o milagre que elas esperam aconteceu. Só falta crer, ver e aceitar.