A ideia desse blog começou com 0 livro "O Clube do Filme", de David Gilmour, onde um rapaz desinteressado da escola é convidado pelo pai (crítico de cinema) a abandonar os estudos, desde que os dois assistissem juntos a pelo menos três filmes por semana. Minha esposa (na época namorada) Elaynne me presenteou com este livro, e decidimos fazer algo parecido: assistir a um filme por semana em casa.
Fizemos uma lista inicial de 36 filmes, sendo 18 escolhidos por mim e 18 por ela. Sorteamos um filme para assistir e já indicamos qual será o seu substituto na lista. Ou seja, isso não vai acabar nunca. Eu tomei a iniciativa de comentar os dois primeiros filmes que assistimos, daí criamos o hábito de comentar cada filme que assistimos, sendo que os meus filmes são comentados pela Elaynne e os dela, por mim.
Os comentários apresentam muitos spoillers. Por isso, se você gosta de surpresas, não vai gostar de ler nossos comentários. Se pra você tanto faz, ou se já assistiu aos filmes, aposto que vai se interessar em nossos comentários, mesmo que não concorde com todos.
Espero que curtam nosso interesse por cinema. Se gostou do blog, nos ajude a divulgar.

Carlos Henrique

04 abril, 2012

Doze homens e uma sentença (Carlos)


Quanto do nosso tempo vale a vida de alguém? Essa talvez seja a primeira pergunta que fazemos ao assistir "Doze homens e uma sentença". O filme já começa com os 12 homens que compõem o júri, pessoas comuns que não se conhecem e nunca se viram, entrando numa sala para se reunir e decidir pela condenação ou absolvição de um jovem porto riquenho de 18 anos à pena de morte por ter possivelmente matado seu pai. Não nos é mostrado o que aconteceu no julgamento e nem a morte.
Já reunidos vem a grande pergunta para o grupo: inocente ou culpado? A maioria começa a levantar a mão o condenando, então um por um vão levantando aos poucos até completar 11 com as mãos levantadas, porém o que chama mais atenção nessa parte não é o fato de um não levantar, mas sim que alguns daqueles homens não tinham a certeza se ele era mesmo culpado, porém dois motivos os levavam a votar: o primeiro era a vontade de ir embora logo e se livrar daquilo, como tinha que ter unanimidade melhor ir com a maioria afinal eles tinham outros compromissos; o segundo é o medo que temos de contrariar, isso nos leva na maioria das vezes a ir com a maioria só por medo de argumentar e de ser mal visto pelos outro. Percebe-se nessa hora como o idoso olha para todos e levanta o braço timidamente. Na certa ele se encaixou bem nesse segundo motivo.
Como não houve unanimidade logo de primeira, afinal Davis levanta a mão inocentando-o, os outros que queriam ir embora logo e nem ligavam para o que estava acontecendo protestaram e quiseram discutir logo. Todos expuseram seus  argumentos e à medida que falavam a gente também pensava: "como pode esse homem o achar inocente?". O problema é que Davis não o achava inocente, apenas queria discutir mais, pois achava que a vida daquele jovem não poderia ser decidida assim em um minuto sem discussão. Então Davis começa pouco a pouco a mostrar o que poderia estar errado naquela prova apresentada, e o primeiro a se convencer da inocência do jovem é exatamente o idoso que mal levantou a mão, o que só demonstra que ele precisava de mais alguém para o apoiar.
Percebemos ao longo da discussão a característica de cada um: temos o idoso que sofre por não ser escutado, temos o tímido, o intelectual, o imigrante, o preconceituoso, o que sofre com o descaso do filho, o que só pensa em assistir beisebol e assim por diante. E percebemos como podemos deixar que nossas características nos levem a julgar as pessoas  apenas pelas suposições e por nossos conceitos adquiridos. Como não queremos pensar quando o assunto é o outro.
Aos poucos todos vão se convencendo da inocência do jovem. Eles vão vencendo seus preconceitos e arrogância. Mas será que o jovem era mesmo inocente? Se no começo achávamos com certeza que ele era culpado, no fim, como os jurados, acabamos nos convencendo também da sua inocência. O diretor inteligentemente não nos diz a verdade e o suspense prevalece até depois do filme, afinal o importante não era saber se o jovem é culpado e inocente e sim mostrar como podemos decidir em grupos, onde todos são bem diferentes e pensam diferentes, todos têm que ser escutados, todo argumento tem que ser respeitado, todos têm que deixar de lado seus orgulhos, todos têm que expressar sua opinião sem medo.
Uma parte que chama a atenção durante a discussão é quando alguém pergunta a Davis por que o advogado do rapaz não questionou as provas assim como ele. E a resposta infelizmente é a verdade, afinal provavelmente era um advogado de defesa publica que não ganharia grande status pela aquela causa e já a considerava perdida. E fica a grande questão sobre a advocacia no mundo. O que vale mais para um advogado: status e dinheiro ou a vida do ser humano? Por que alguns advogados por milhões inocentam culpados e não se esforçam para livrar inocentes?
E claro que não poderia deixar de citar o fato curioso do filme, pois ele se passa praticamente todo numa pequena sala, apenas uma cena no começo do filme, uma no final e duas no banheiro não ocorrem lá, o que mesmo assim não deixa o filme monótono.



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