A ideia desse blog começou com 0 livro "O Clube do Filme", de David Gilmour, onde um rapaz desinteressado da escola é convidado pelo pai (crítico de cinema) a abandonar os estudos, desde que os dois assistissem juntos a pelo menos três filmes por semana. Minha esposa (na época namorada) Elaynne me presenteou com este livro, e decidimos fazer algo parecido: assistir a um filme por semana em casa.
Fizemos uma lista inicial de 36 filmes, sendo 18 escolhidos por mim e 18 por ela. Sorteamos um filme para assistir e já indicamos qual será o seu substituto na lista. Ou seja, isso não vai acabar nunca. Eu tomei a iniciativa de comentar os dois primeiros filmes que assistimos, daí criamos o hábito de comentar cada filme que assistimos, sendo que os meus filmes são comentados pela Elaynne e os dela, por mim.
Os comentários apresentam muitos spoillers. Por isso, se você gosta de surpresas, não vai gostar de ler nossos comentários. Se pra você tanto faz, ou se já assistiu aos filmes, aposto que vai se interessar em nossos comentários, mesmo que não concorde com todos.
Espero que curtam nosso interesse por cinema. Se gostou do blog, nos ajude a divulgar.

Carlos Henrique

15 fevereiro, 2012

Requiem para um sonho (Elaynne)

Que diabos de filme é esse? Nunca ouvi falar.
Esse foi meu primeiro pensamento quando você colocou este filme na lista.
Que diabos de filme é esse, e como é que eu nunca ouvi falar? Este foi meu pensamento quando terminamos de assistir o filme.
E que filme. Intenso, pertubador, intrigante, incômodo. São características que lhe caem muito bem. A maneira como foi filmado, com um trabalho de edição bem mais exigente, que dá ao filme um ritmo acelerado, eletrizante, alucinado, encaixou muito bem com o tema do filme.
Drogas. É este o tema do filme. A vida sob o efeito de drogas. Drogas, aqui, não são apenas entorpecentes, mas qualquer tipo de objeto, coisa, pensamento, que nos transporte da realidade para um mundo paralelo, que assuma em nossa vida uma importância maior que as pessoas que estão a nossa volta e a quem nós amamos, ou ainda que assuma uma importância maior que nossa própria vida, é uma droga. Em todos os sentidos pejorativos que esta palavra possa ter.
É claro que ele fala sobre drogas, drogas mesmo. E explora muito bem a vida de um viciado, do auge à decadência. Mas o filme vai além. Explora os desejos dos viciados. Antes de se tornarem meros drogados, viciados em drogas são seres humanos. E como todos, possuem projetos de vida, traçam metas, planejam o futuro. Como cada um de nós, eles também têm sonhos. A sociedade os marginaliza, os abandona, os criminaliza, mas esquece de procurar os motivos que os levaram a essa vida, o que eles buscavam, quais eram seus sonhos. Harry tinha sonhos. Marion também. E quem se importou? Eles foram usados para traficar, para dar prazer. Quem manda no jogo dita as regras. E se ninguém da sociedade interfere neste jogo, os seus personagens com menor importância se submetem a tudo, acreditando que com o tempo vão ter sucesso, serão os senhores do jogo também.
A sociedade se considera melhor que eles. Mas e nossos vícios particulares? E aquilo que temos e não conseguimos nos libertar? Aquele chocolate, um bom refrigerante, uma bebida, a televisão, jogos, o trabalho, um sono sem fim, o medo, a ansiedade, as preocupações, a vaidade. Quantos vícios temos, que nos prendem, nos dominam, e nós não admitimos. Acreditamos estar no controle da situação. Não somos tão diferentes dos viciados em drogas, somos?
Estes vícios também foram explorados no filme, de maneira brilhante. Quantas Sarahs conhecemos por aí, que não podem passar um dia sem assistir determinado programa de televisão? Ou ainda, quantas pessoas estão ao nosso redor e buscam meios fáceis de perder peso, pela pressão da mídia. E como bem mostrou o filme, isso vira uma bola de neve. Remédios para emagrecer tiram o sono, e te levam a tomar remédios para dormir, e com o tempo perdem o efeito, e você passa a querer mais, e o mais já não é suficiente. Coisa de filme? Não. Realidade.
Claro que quem vive nesta situação dificilmente admite que precisa de ajuda. A sensação de estar no controle só vai embora quando a razão também vai embora. Alucinações, tensões, medos passam a fazer parte do dia a dia. E é tudo junto, de uma só vez, e num ritmo frenético, da forma como é retratado no filme.
Cada um tem dentro de si uma droga, um vício. Cabe a nós decidir alimentar este vício ou deixá-lo adormecido. Nossos sonhos chegarão a se tornar realidade um dia? O que será dito sobre nós ao fim de nossa vida?



Nenhum comentário:

Postar um comentário