Este filme merece ser analisado em partes. A primeira, o início da história. Um homem isolado do mundo, abandonado pela família, que se relaciona unicamente com um ex-companheiro do boxe. E ele é bom. É um excelente treinador. Sabe tirar o melhor de seus discípulos. Sabe explorar bem o potencial dos alunos de sua academia. Mas tem medo. E este medo ele passa a seus alunos na forma de sua principal lição: ANTES DE TUDO, SE PROTEJA. Frankie Dunn é alguém que se protege. Que se resguarda de seus sentimentos. Que tenta de alguma forma se aproximar da filha distante, mas não o suficiente.
Por ser treinador de boxe, Frankie é acostumado a lidar com pessoas teimosas. Seu único amigo, Scrap, é prova disso. Mas ele não estava preparado para a teimosia de Maggie.
Maggie tem um dom. Muitas pessoas aprendem o que fazem. Maggie foi apenas lapidada. Ela já sabia lutar, já sabia bater. Ela lutou durante toda sua vida, com uma família que a desprezava, que desprezava seu dom, que ria na sua cara. Ela lutou e venceu. Ela lutou com Frankie, até convencê-lo a ser seu treinador. Ela lutou e venceu. De novo. Maggie era uma vencedora.
E com a ajuda de Frankie, Maggie se tornou a maior vencedora. Carismática, conhecida. Se tornou “Ma cushie”, a querida do público. Todos gritavam seu nome. Todos torciam por ela. Todos sabiam que ela poderia ir além. Maggie parecia não ter limites. Até lutar com a Ursa azul. Uma mulher que sabia lutar, mas não sabia perder. Ela com certeza não conhecia a frase que o sr. Scrap usou para consolar o garoto Danger: Qualquer um pode perder uma luta.
É verdade. Qualquer um pode perder. Mas ganhar? Só quem é realmente bom. Quem é incrível. E lidar com as vitórias? Só quem sabe o valor da vitória. Quem recebe a vitória de mão beijada, sem esforço, sem luta, não dá valor. Ursa azul era assim. Maggie não. Por isso ela comemorava cada vitória como sendo única, como sendo a primeira. Com o passar do tempo, as pessoas acabam por perder o ânimo de vencedores. Acabam se conformando e desistindo de tentar. Maggie não era assim. Ela não desistiu. Ela tentou. E em suas próprias palavras, ela “mandou bem”.
Até onde deu. Chegou uma hora e uma circunstância em que não deu mais. E aí entramos na segunda parte da análise. Maggie tentou, não perdeu o bom humor jamais. Resistiu e insistiu. Em todos os momentos, ela jamais se passou por coitadinha. Não aceitou sentimento de pena de ninguém. E nem dava pra sentir pena de Maggie. Mesmo no leito do hospital, respirando apenas com a ajuda de um aparelho, mexendo apenas com os olhos e a boca, Maggie ainda era uma vencedora. Sua expressão não mudou com o sofrimento. Seu sorriso bonito continuou iluminando a vida sem graça do treinador Frankie, o chefe.
E Frankie também não desistiu de Maggie. Ele insistiu com médicos, procurou outros hospitais, dedicou seu tempo e seus esforços para tentar recuperar Maggie, até onde pôde. Não me parece que ele tenha se esforçado tanto assim para manter sua família. Tinham as cartas que ele enviava para a filha, mas só. É pouco. Era preciso mais, e se ele tivesse feito esse “mais”, provavelmente teria a companhia da sua filha, e não seria um velho solitário.
E se ele tivesse feito esse “mais”, provavelmente também Maggie não seria tão importante para ele como foi. Maggie fez a diferença na vida de Frankie, enquanto lutava e quando deixou de lutar. A partir do momento em que decidiu ser seu treinador, Frankie viveu para fazer de Maggie uma vencedora, para não deixá-la desistir. E conseguiu.
Mas nem Frankie nem Maggie estavam preparados para aquele acidente. Maggie, no entanto, estava feliz, e tinha a sensação do dever cumprido. Deu uma oportunidade de vida melhor pra sua família. Lutou e venceu, apesar da idade, apesar das condições. Teimou. Insistiu. E realizou seus sonhos. Já tinha vivido o suficiente para ver seus desejos se tornarem realidade.
Portanto, o pedido de Maggie não é algo tão inacreditável assim. Maggie viveu intensamente desde que começou a treinar com Frankie. E ali, naquela UTI, ela não vivia mais. As pessoas têm medo de morrer, mas principalmente de viver, e acabam morrendo sem ter vivido. Maggie queria morrer porque tinha consciência que tinha vivido. Não precisava conseguir mais nada. E, como disse Scrap, suas últimas palavras provavelmente seriam: “eu fui bem, não fui, chefe?”
Gostei da escolha, morzinha. Se eu já tivesse assistido antes, este filme também estaria na minha lista.
Esse filme é muito bonito, ne?
ResponderExcluirA Hillary Swank tá muito boa nele!
Parabéns pelo Blog!
http://opinandoemtudo.blogspot.com/
Monica
Bom dia, Mônica
ExcluirÉ realmente um filme excelente. Eu não havia assistido ele até ser sorteado na nossa lista. Valeu a pena. E a Hillary foi ótima o filme inteiro.
Ah, seu blog é muito bacana. Gostei de ver. Vi que você é de bauru, tenho alguns amigos virtuais aí...
Abraço, valeu pelo comentário!!!1
Carlos Henrique
muito bom eu costei
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