A ideia desse blog começou com 0 livro "O Clube do Filme", de David Gilmour, onde um rapaz desinteressado da escola é convidado pelo pai (crítico de cinema) a abandonar os estudos, desde que os dois assistissem juntos a pelo menos três filmes por semana. Minha esposa (na época namorada) Elaynne me presenteou com este livro, e decidimos fazer algo parecido: assistir a um filme por semana em casa.
Fizemos uma lista inicial de 36 filmes, sendo 18 escolhidos por mim e 18 por ela. Sorteamos um filme para assistir e já indicamos qual será o seu substituto na lista. Ou seja, isso não vai acabar nunca. Eu tomei a iniciativa de comentar os dois primeiros filmes que assistimos, daí criamos o hábito de comentar cada filme que assistimos, sendo que os meus filmes são comentados pela Elaynne e os dela, por mim.
Os comentários apresentam muitos spoillers. Por isso, se você gosta de surpresas, não vai gostar de ler nossos comentários. Se pra você tanto faz, ou se já assistiu aos filmes, aposto que vai se interessar em nossos comentários, mesmo que não concorde com todos.
Espero que curtam nosso interesse por cinema. Se gostou do blog, nos ajude a divulgar.

Carlos Henrique

05 março, 2012

Menina de ouro (Elaynne)

Menina de ouro é um filme incrível. Não são todos os filmes que fazem você sair com raiva, com ódio, até, de um personagem. Menina de ouro consegue esta façanha. Faz você odiar uma pessoa como se fosse alguém que existe de verdade.
Este filme merece ser analisado em partes. A primeira, o início da história. Um homem isolado do mundo, abandonado pela família, que se relaciona unicamente com um ex-companheiro do boxe. E ele é bom. É um excelente treinador. Sabe tirar o melhor de seus discípulos. Sabe explorar bem o potencial dos alunos de sua academia. Mas tem medo. E este medo ele passa a seus alunos na forma de sua principal lição: ANTES DE TUDO, SE PROTEJA. Frankie Dunn é alguém que se protege. Que se resguarda de seus sentimentos. Que tenta de alguma forma se aproximar da filha distante, mas não o suficiente.
Por ser treinador de boxe, Frankie é acostumado a lidar com pessoas teimosas. Seu único amigo, Scrap, é prova disso. Mas ele não estava preparado para a teimosia de Maggie.
Maggie tem um dom. Muitas pessoas aprendem o que fazem. Maggie foi apenas lapidada. Ela já sabia lutar, já sabia bater. Ela lutou durante toda sua vida, com uma família que a desprezava, que desprezava seu dom, que ria na sua cara. Ela lutou e venceu. Ela lutou com Frankie, até convencê-lo a ser seu treinador. Ela lutou e venceu. De novo. Maggie era uma vencedora.
E com a ajuda de Frankie, Maggie se tornou a maior vencedora. Carismática, conhecida. Se tornou “Ma cushie”, a querida do público. Todos gritavam seu nome. Todos torciam por ela. Todos sabiam que ela poderia ir além. Maggie parecia não ter limites. Até lutar com a Ursa azul. Uma mulher que sabia lutar, mas não sabia perder. Ela com certeza não conhecia a frase que o sr. Scrap usou para consolar o garoto Danger: Qualquer um pode perder uma luta.
É verdade. Qualquer um pode perder. Mas ganhar? Só quem é realmente bom. Quem é incrível. E lidar com as vitórias? Só quem sabe o valor da vitória. Quem recebe a vitória de mão beijada, sem esforço, sem luta, não dá valor. Ursa azul era assim. Maggie não. Por isso ela comemorava cada vitória como sendo única, como sendo a primeira. Com o passar do tempo, as pessoas acabam por perder o ânimo de vencedores. Acabam se conformando e desistindo de tentar. Maggie não era assim. Ela não desistiu. Ela tentou. E em suas próprias palavras, ela “mandou bem”.
Até onde deu. Chegou uma hora e uma circunstância em que não deu mais. E aí entramos na segunda parte da análise. Maggie tentou, não perdeu o bom humor jamais. Resistiu e insistiu. Em todos os momentos, ela jamais se passou por coitadinha. Não aceitou sentimento de pena de ninguém. E nem dava pra sentir pena de Maggie. Mesmo no leito do hospital, respirando apenas com a ajuda de um aparelho, mexendo apenas com os olhos e a boca, Maggie ainda era uma vencedora. Sua expressão não mudou com o sofrimento. Seu sorriso bonito continuou iluminando a vida sem graça do treinador Frankie, o chefe.
E Frankie também não desistiu de Maggie. Ele insistiu com médicos, procurou outros hospitais, dedicou seu tempo e seus esforços para tentar recuperar Maggie, até onde pôde. Não me parece que ele tenha se esforçado tanto assim para manter sua família. Tinham as cartas que ele enviava para a filha, mas só. É pouco. Era preciso mais, e se ele tivesse feito esse “mais”, provavelmente teria a companhia da sua filha, e não seria um velho solitário.
E se ele tivesse feito esse “mais”, provavelmente também Maggie não seria tão importante para ele como foi. Maggie fez a diferença na vida de Frankie, enquanto lutava e quando deixou de lutar. A partir do momento em que decidiu ser seu treinador, Frankie viveu para fazer de Maggie uma vencedora, para não deixá-la desistir. E conseguiu.
Mas nem Frankie nem Maggie estavam preparados para aquele acidente. Maggie, no entanto, estava feliz, e tinha a sensação do dever cumprido. Deu uma oportunidade de vida melhor pra sua família. Lutou e venceu, apesar da idade, apesar das condições. Teimou. Insistiu. E realizou seus sonhos. Já tinha vivido o suficiente para ver seus desejos se tornarem realidade.
Portanto, o pedido de Maggie não é algo tão inacreditável assim. Maggie viveu intensamente desde que começou a treinar com Frankie. E ali, naquela UTI, ela não vivia mais. As pessoas têm medo de morrer, mas principalmente de viver, e acabam morrendo sem ter vivido. Maggie queria morrer porque tinha consciência que tinha vivido. Não precisava conseguir mais nada. E, como disse Scrap, suas últimas palavras provavelmente seriam: “eu fui bem, não fui, chefe?”
Gostei da escolha, morzinha. Se eu já tivesse assistido antes, este filme também estaria na minha lista.


3 comentários:

  1. Esse filme é muito bonito, ne?
    A Hillary Swank tá muito boa nele!
    Parabéns pelo Blog!

    http://opinandoemtudo.blogspot.com/

    Monica

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    1. Bom dia, Mônica

      É realmente um filme excelente. Eu não havia assistido ele até ser sorteado na nossa lista. Valeu a pena. E a Hillary foi ótima o filme inteiro.
      Ah, seu blog é muito bacana. Gostei de ver. Vi que você é de bauru, tenho alguns amigos virtuais aí...
      Abraço, valeu pelo comentário!!!1

      Carlos Henrique

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