A ideia desse blog começou com 0 livro "O Clube do Filme", de David Gilmour, onde um rapaz desinteressado da escola é convidado pelo pai (crítico de cinema) a abandonar os estudos, desde que os dois assistissem juntos a pelo menos três filmes por semana. Minha esposa (na época namorada) Elaynne me presenteou com este livro, e decidimos fazer algo parecido: assistir a um filme por semana em casa.
Fizemos uma lista inicial de 36 filmes, sendo 18 escolhidos por mim e 18 por ela. Sorteamos um filme para assistir e já indicamos qual será o seu substituto na lista. Ou seja, isso não vai acabar nunca. Eu tomei a iniciativa de comentar os dois primeiros filmes que assistimos, daí criamos o hábito de comentar cada filme que assistimos, sendo que os meus filmes são comentados pela Elaynne e os dela, por mim.
Os comentários apresentam muitos spoillers. Por isso, se você gosta de surpresas, não vai gostar de ler nossos comentários. Se pra você tanto faz, ou se já assistiu aos filmes, aposto que vai se interessar em nossos comentários, mesmo que não concorde com todos.
Espero que curtam nosso interesse por cinema. Se gostou do blog, nos ajude a divulgar.

Carlos Henrique

28 janeiro, 2012

Perfume de mulher (Elaynne)

“No tango, se você errar, continue dançando”.
É uma frase interessante, principalmente se você analisar o contexto onde ela foi dita pela segunda vez.
A primeira vez que esta frase foi dita, foi no sentido literal mesmo, já que o Coronel Slade (uma interpretação digna de todos os prêmios possíveis de Al Pacino) tirou uma moça para dançar, e ela ficou com medo. Interessante ter sido o Coronel a dizer esta frase. Interessante e contraditório, pois ele não seguia esta filosofia. Pelo menos foi isso que ele mesmo percebeu quando Charlie repetiu esta frase pra ele, naquele instante de tensão no quarto do hotel.
Acredito que foi nesta hora, quando Charlie repetiu esta frase para o Coronel, que ele percebeu o quanto estava errado sobre a decisão que havia tomado de tirar sua vida. Deu tudo errado? A vida ferrou com tudo? Continue dançando, continue vivendo. O Coronel Slade sabia dançar tango muito bem, e deve ter repetido esta frase para muitas pessoas, mas nunca repetiu para si mesmo. No dia em que alguém falou pra ele, ele se tocou.
E como este filme toca a quem assiste, pela forma com que o roteiro expõe as misérias dos personagens! Quantos dilemas são tratados neste filme, de uma forma grosseira, até, já que o Coronel é uma pessoa grosseira, rude. Mas isto não significa que ele seja um mal educado, pelo contrário. Ele tem uma educação impar, e sabe valorizar as coisas boas da vida. Talvez por isto quisesse abreviar a vida, já que não tinha como admirar a beleza das coisas ao seu redor, principalmente a beleza das mulheres a quem ele tanto estimava. Qual a graça de viver sem poder contemplar a beleza da vida?
Só mesmo um jovem simples, de origem humilde, e com alguns dilemas pessoais relevantes, até, poderia devolver ao velho Coronel a alegria de viver, um motivo para continuar dançando. O Coronel se identificou com Charlie, com sua solidão, com seus problemas, e porque não, com sua ousadia? Afinal Charlie não dispensou o emprego, topou a viagem, aceitou demorar mais uns dias, e no fim das contas enfrentou o Coronel com uma arma apontada para ele.
O Coronel viu na possibilidade de ajudar o jovem uma razão a mais para ter esperança. E no fim, provou estar certo, afinal, ele poderia continuar sentindo a melhor sensação que ele poderia sentir, e que ele valorizava tão bem: o perfume de uma mulher. Quantas pessoas precisam conhecer um Charlie. Quantas pessoas precisam de uma experiência tão ou mais forte que a do Coronel, para perceber que, por maiores que sejam os problemas ou as dificuldades, sempre tem algo que vale a pena. As pessoas precisam de um Charlie pra dizer a elas que, se errar, continuem dançando.
Este é um filme que usou um cego para explorar o dilema moral de um jovem que não sabia se traía os colegas para ganhar uma oferta irrecusável ou se mantinha o combinado anteriormente e não entregaria ninguém, sob pena de ser expulso da escola, e usou um jovem estudante de origem humilde pra explorar o problema de um cego que, por conta da cegueira, não acreditava ter razão para viver. É como eu costumo dizer: nada está tão bom que não possa melhorar, nem tão ruim que não possa ficar pior. As coisas melhoraram e pioraram para os dois durante o decorrer da história. Mas um sabia exatamente como ajudar o outro, e assim os dois resolveram os problemas, e a dança da vida continuou para cada um.
Certamente que outros problemas irão surgir na vida de cada um, problemas novos, dilemas novos. Mas a experiência pela qual eles passaram juntos foi marcante em suas vidas. Em uma nova dificuldades, eles saberiam melhor como enfrentar. Caso não pudessem resolver, basta continuar dançando. E é assim que é vida. As coisas boas e as ruins não duram pra sempre. O que fica pra sempre é o efeito, as consequências, de cada uma delas, e estas a gente pode lidar.




2 comentários:

  1. grande filmes, lindos momentos, eu nunca esqueci esse filme sempre recomendo para meus amigo

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    1. este filme é daqueles que dá pra recomendar pra todos os amigos, sem medo de errar, obrigado por acessar nosso blog, volte sempre

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